sexta-feira, 23 de outubro de 2009

"Nunca deixe alguém te fazer sentir como se você não merecesse o que quer." - Dez coisas que eu odeio em você

"Hoje dê um dos seus sorrisos a um estranho. Esse pode ser o único raio de sol que ele verá durante todo o dia." - P. S. Eu Te Amo

"Por favor permita que eu esqueça você" - A Casa do Lago

"Pessoas gostam de pessoas que gostam de si mesmas" - Miss Simpatia 2

"Não há vida no vazio, só a morte" - O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel

"Confio em todas as pessoas, só não confio no demônio que existe dentro delas" - Uma Saída de Mestre

"Eu sou desonesto. E pode-se sempre confiar num desonesto, porque vocês sabem que ele sempre será desonesto. Honestamente, são os honestos que devem ser vigiados. Porque nunca se sabe quando eles farão algo incrivelmente estúpido!" - Piratas do Caribe

"Se eu dissesse que fosse fácil, não teria graça." - Fúria em Duas Rodas

"As pessoas têm medo de mudar, de pensar que as coisas podem mudar. O mundo não é feito somente de merda! Mas é difícil pra quem se acostumou com as coisas como elas são. Mesmo que sejam ruins elas não mudam, então as pessoas desistem... Quando isso acontece todo mundo sai perdendo." - A Corrente do Bem

"Não existe morte pior que o fim da esperança." - Rei Arthur

"Às vezes, a melhor maneira de se encontrar é se perder na vida de alguém" - Tara Road

"Todos temos o bem e o mal dentro de si, mas o que realmente importa não são as semelhanças e sim as diferenças." - Harry Potter e a Ordem da Fênix

"Você foi medido, pesado, avaliado e considerado insuficiente." - Coração de Cavaleiro

"Descubra quem você é, e seja de propósito." - Um Amor para Recordar

"Um guerreiro não desiste do que ama. Ele tem amor no que faz." - Poder além da vida

domingo, 18 de outubro de 2009

UMA HISTÓRIA DE AMOR
Mariuccia Cavallari Fiorenza

Você percebe um garoto sentado na classe atrás de você, naquela prova, antes de iniciar ele pede um apontador emprestado, e você muito ingênua e infantil, se apaixona pelo garoto desconhecido. Sua prova provavelmente será um fracasso, pois não consegue parar de pensar nele. Você termina sua prova correndo e o espera. Sem que ele perceba, você se levanta logo depois dele, e espera ele assinar a ata com o intuito de ser a próxima, e com isso descobrir o nome dele. Ah! Você consegue ver. É tanta felicidade que até parece que descobriu a América. A perseguição continua, é tanta gente que você o perde de vista.
Acabou, o amor da sua vida sumiu e você não fez nada para impedir, talvez não fosse a hora. Você vai pra casa e conta tudo pra sua melhor amiga, que não da muita bola ao que você fala, mas você sabe o quanto aquele garoto mexeu com você.
Os dias passam e você está dentro de um veiculo e adivinha quem cruza por você? O garoto do apontador. Ele nem a nota, está com os amigos. Lindo. E mais uma vez ele se foi. O fim novamente. Você segue sua vida, pensando que nunca mais vai o ver novamente.
Os anos passam e você já nem se lembrava dele, já teve outros garotos nesse tempo, então você o vê na tela do computador daquela sua melhor amiga pra que você contou dele. E perguntou se ela se lembrava e seu coração disparou. Você a recém tinha terminado um romance e descobre que ele também. Sua melhor amiga tem a idéia de fazer com que vocês se encontrem. Você acha o máximo, e se pergunta se aquela paixão que sentiu chegou a sair de dentro de você, ou se estava guardadinha num cantinho, esperando a próxima oportunidade.
O grande dia chega. Vocês se apresentam, se conhecem e desde então ficam juntinhos, sem falar muita coisa, apenas pergunta se você quer ficar com ele e você diz que sim e ele lhe tasca o melhor beijo da sua vida. E vocês se beijam a noite inteira e ele leva você até em casa e lhe da um beijo de despedida, talvez vocês voltem a se encontrar.
Você não consegue parar de pensar nele, então resolvem se encontrar novamente e seguem com um romance que vira namoro, e cada momento é importantíssimo pros dois.
O tempo passa e vocês se amam cada vez mais, vocês não se imaginam longe um do outro. E cada dia descobrem coisas um do outro, então tudo parece que era pra ser, você descobre que quando sua mãe estava grávida, a última consulta ao médico antes de você nascer, foi no dia em que o amor da sua vida nasceu. E dali a 14 dias quem apareceu foi você. E nada lhe tira da cabeça que seus destinos foram traçados na maternidade.
CIÚME QUE PREVALECE
Mariuccia Cavallari Fiorenza

Esses dias estava andando pelo calçadão, quando avistei um casal de namorados. Ele olhou para o lado, e ela lhe deu um tapa no braço, em um ataque de ciúmes. Então ele deu um abraço naquela que lhe deu um tapa, e lhe disse o quanto a amava. E aparentemente tudo voltou ao normal.
Mas o que faz as pessoas terem tanto ciúmes? Sentimento de amor, insegurança, possessão? Você a ama tanto que não conseguiria imaginar alguém, além de você, acariciando aquele corpo? Você o ama tanto a ponto de achar que ter você basta, que ele não necessita de mais ninguém, inclusive aqueles amigos que você teima em pensar que o querem levar para um mal caminho?
Ou você, o amando demais, pensa não ser boa o suficiente. Ou amando de menos, se acha a boa? A ama tanto que não quer que ela saia para nenhum lugar com ninguém, a não ser com você. Ama tanto que o faz se sentir um objeto. Talvez seja assim mesmo como você vê o outro. Talvez seja um sentimento de posse, que faz se sentir no direito sobre o outro e é isso o que ainda lhe dá prazer. Então já não existe mais amor, você simplesmente está com aquela pessoa porque ela está ali, você se acostumou com ela exatamente alí, do seu lado.
Então por que não põe um fim em tudo? Lhe falta coragem?
Você pensa que a perdendo, acaba a sua vida? Mas se já não é amor, não será tão dolorido assim, quem sabe nem dor você sinta. Então você toma coragem e termina tudo. Os dias passam, você pode sentir um pouco de saudade daquele corpo que você se acostumou ao seu lado, da presença, mas é só disso porque a alma nunca lhe pertenceu. Tudo já superado, você vai passear naquele mesmo calçadão e então você o encontra com outra garota, e ele a vê e percebe como você está feliz e continua linda. Mil coisas passam pelas suas cabeças, mas o que continua no ar é o ciúme que ainda sentem um pelo outro.
O TEMPO PASSA
Mariuccia Cavallari Fiorenza

Aí acontece que o tempo vai passando, e as coisas mudam. Talvez porque você queira, ou talvez você nem perceba. Você e seus amigos vão se distanciando cada vez mais. Aquele amigo muda de casa, mas ainda é seu colega, você ainda pode ver ele na escola. Então sua mãe tem a genial idéia de mudar você de colégio. É o fim.
Você se sente perdida, e tem que ir pra escola sozinha. Não conhece ninguém e nem faz questão, você quer estar perto dos seus amigos de novo.
De repente se aproxima uma garota e vocês começam a conversar, e então num piscar de olhos você muda de opinião e começa a passar pela sua cabeça que não será tão ruim assim conhecer novas pessoas. O tempo passa e você já está com uma nova turma, novos amigos e aqueles outros ainda fazem falta, mas você não os procura e nem eles o fazem.
Então um belo dia você está passeando e cruza alguém muito parecida com aquela melhor amiga, você a reconhece e talvez ela também tenha lhe reconhecido mas vocês passam uma pela outra sem dizer nada. Vocês deixaram a oportunidade de retomar a amizade passar. E você não consegue parar de pensar por que as coisas mudam, por que você agiu assim.
E pensa o por que dela também ter tido a mesma atitude. Então você decide que da próxima vez que encontrar na rua um velho amigo, não deixará cruzar como despercebido, pois só você é dona daqueles pensamentos de infância, das brincadeiras, das palhaçadas, das aventuras que faziam juntos. Só você sabe o quanto cada um faz falta no seu coração. E espera que nunca seja tarde demais.

sábado, 17 de outubro de 2009

PEDAÇOS DE MIM - Martha Medeiros

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir, para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.
POR QUÊ AS PESSOAS GRITAM?
Mahatma Gandhi

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:
-Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?
-Gritamos porque perdemos a calma, disse um deles.
- Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?
Questionou novamente o pensador.
- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça, retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar:
- Então não é possível falar-lhe em voz baixa?
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador. Então ele esclareceu:

- Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecida? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas?
Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas. Por fim, o pensador conclui, dizendo:
"Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".
Não me pergunte...
MAURO BIAZI

Não me pergunte o que fazer da vida se você não sabe do que é feita a sua, de que sonhos ela se nutre, dos amores que ela deseja, de que aromas ela sente tanta falta, de que cores colorem seus dias, de que estação ela mais gosta, de que flores seu coração suspira, de que manhãs emolduradas por raios de sol ela tanto ama...
Não me pergunte o que dar à sua vida se você nada sabe de repartir amor, nada sabe de espreitar a noite ansiosamente transformadora, nada sabe de abrir os braços para um estranho, de assoviar uma melodia que faz dançar um beija-flor, de sentir o gosto adocicado de um beijo que rodopia os sentidos, de saltar pro dia anunciando boas novas...
Não me pergunte o que esperar da vida se você nada espera da sua, nada deseja que não seja o óbvio, nada sente quando a brisa do outono acaricia seu corpo, nada vê no balé da andorinha que veio desfrutar o seu verão, nada sabe de se dar, de doar, de repartir uma fatia do seu existir...
Não me pergunte o que é a vida, do que ela é feita, de que centelha mágica foi esculpida, qual o seu propósito, qual a razão de você respirar e andar daqui pra lá, o porquê de seres que és, de teres o que tens, de agires numa penumbra de ausência, sentimentos que dá pena, que dá dó, que causa arrepio na alma de quem ama...
Me pergunte, por fim, naquilo que você pode se transformar se abrir mão do orgulho, da indiferença, da mesquinhez, do desprezo... e então eu saberei, sem pretensão, aconselhar seu coração a ouvir o vento humano que assopra dia e noite trazendo um cheiro de amor no ar, uma lufada de esperança, uma brisa doce e envolvente a anunciar que a humanidade tem salvação... e você também.
After a while - Veronica Shoffstall

After a while you learn
the subtle difference between
holding a hand and chaining a soul
and you learn
that love doesn't mean leaning
and company doesn't always mean
security.
And you begin to learn
that kisses aren't contracts
and presents aren't promises
and you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes
ahead
with the grace of woman, not the grief of
a child
and you learn
to build all your roads on today
because tomorrow's ground is
too uncertain for plans
and futures have a way of falling down
in mid-flight.
After a while you learn
that even sunshine burns
if you get too much
so you plant your own garden
and decorate your own soul
instead of waiting for someone
to bring you flowers.
And you learn that you really
Can endure
you really are strong
you really do have worth
and you learn
and you learn
with every goodbye, you learn.


TRADUÇÃO
Depois de um tempo - Veronica Shoffstall

Depois de um tempo você aprende
a sutil diferença
entre segurar uma mão e acorrentar uma alma
e você aprende
que amar não significa apoiar-se
e companhia não quer sempre dizer
segurança
e você começa a aprender
que beijos não são contratos
e presentes não são promessas
e você começa a aceitar suas derrotas
com sua cabeça erguida e seus olhos
adiante
com a graça de mulher, não a tristeza de
uma criança
e você aprende
a construir todas suas estradas no hoje
porque o terreno de amanhã é
demasiado incerto para planos
e futuros têm o hábito de cair
no meio do vôo
Depois de um tempo você aprende
que até mesmo a luz do sol queima
se você a tiver demais
então você planta seu próprio jardim
e enfeita sua própria alma
ao invés de esperar que alguém lhe
traga flores
E você aprende que você realmente
pode resistir
você realmente é forte
você realmente tem valor
e você aprende
e você aprende
com cada adeus, você aprende.

domingo, 4 de outubro de 2009

The O.C - PERSONAGENS 1ª TEMPORADA


Ryan Atwood – Benjamin McKenzie

Filho de família problemática e pobre, é abandonado no primeiro episodio, é adotado pela família Cohen. Vive tentando ajudar os outros, tirando-os de algum problemas... demora para se adaptar a vida rica de Newport, mas acaba aceitando e fazendo amigos. Namora com Marissa, mas os dois cheios de problemas e duvidas, vivem um namoro conturbado.


Marissa Cooper – Mischa Barton

De uma família complicada, tem problemas de relacionamento com a mãe, namora com Luke, mas ele a trai, e ela fica com Ryan. Vive se metendo com pessoas erradas e situações idem. Tem uma overdose, furta um relógio e um batom, tenta ajudar Oliver.


Theresa Diaz - Navi Rawat

Mora em Chino. Amiga de infância de Ryan, se reencontram no dia de Ação de Graças, porque Ryan vai até Chino para pagar dívida do irmão. Vai trabalhar em Newport, encontra Ryan e os dois transam, ele já não está mais com Marissa. Vai embora, mas volta, e diz que está grávida, e que pode ser de Ryan.

Luke Ward - Chris Carmack

Namorado de Marissa, fica com uma das amigas dela. Eles terminam o namoro, não gosta de Ryan, mas depois de os dois descobrirem que seu pai é gay, viram amigos. Ele sofre preconceito por isso na escola que estudam, Harbor. Mas Ryan, Marissa e Seth o ajudam. Tem um caso com Julie, a mãe da ex-namorada. Decide ir embora.

Oliver Trask – Taylor Handley

Um adolescente mentalmente instável. Marissa o conhece na terapia, inventa uma namorada, tenta comprar cocaína de um policial, mas é pego.E quase comete suicídio quando Marissa vai visita-lo.


Seth Cohen - Adam Brody

Filho único de Sandy e Kirsten Cohen, é praticamente um Zé ninguém na escola, é apaixonado por Summer, que nunca o notou, mas depois que Ryan aparece as coisas mudam. Ele não é mais “invisível”, namora com Anna e depois com Summer. Adora quadrinhos e é um fofo.


Summer Roberts - Rachel Bilson

Uma espécie de socialite teen, namora com Seth e é a melhor amiga de Marissa. Filha de pais separados, é sempre mimada pelo pai. Demora para ficar com Seth pois acha que isso não seria bom para sua reputação. Seth colocou o nome do barco dele “Summer Breeze”.

Anna Stern - Samaire Armstrong

Muito doce, conhece Seth por quem se apaixona. Da dicas sobre como conquistar as mulheres, namora com ele. Mas os dois descobrem que são melhores como amigos, pois gostam das mesmas coisas. Volta embora para Petersburg.


Sandy Cohen - Peter Gallagher

Marido de Kirsten e pai de Seth, advogado, trabalha como defensor público, adota Ryan. Adora surfar e jogar golfe, seu casamento pode ser considerado perfeito. Tem problema com o sogro. Super simpático.

Kirsten Cohen - Kelly Rowan

Esposa dedicada e mãe carinhosa, filha mimada de Caleb Nichol, para quem trabalha, ama seu trabalho, não consegue ficar em casa sem fazer nada. Promove muitos eventos de caridade. Não sabe cozinhar e não é engraçada, mas de vez em quando tenta. Todos a adoram.

Caleb Nichol – Alan Dale

Pai de Kirsten, é um empresário muito bem sucedido, dono do Grupo Newport, dono de praticamente toda Orange County. Tem muitas namoradas, mas acaba pedindo Julie em casamento.


Julie Cooper-Nichol – Melinda Clarke

Mãe de Marissa e Kaitlin. Divorciou-se do marido Jimmy, porque este roubou dinheiro para quem trabalhava deixando-as sem nada. Teve um caso com Luke, casou-se com Caleb Nichol.

James “Jimmy” Cooper – Tate Donovan

Pai de Marissa e Kaitlin, casado com Julie. Namorou na adolescência com Kirsten Cohen. Consultor financeiro, rouba de seus clientes. Tendo que pagar, perde tudo. Mas Sandy e Kirsten tentam ajuda-lo. Se divorcia de Julie e vai embora, sua filha Marissa mora com ele. Namora com Hailey Nichol.

Hailey Nichol – Amanda Righetti

Também filha de Caleb Nichol, sai de casa aos 17 anos e viaja pelo mundo as custas do pai. Após uma briga com Kirsten, vai embora. Diz que esta trabalhando como instrutora de aeróbica, mas Ryan, Marissa, Seth e Summer descobrem que ela está trabalhando como stripper em uma boate de Los Angeles. Volta para Newport e começa a namorar com Jimmy.

sábado, 3 de outubro de 2009

Capítulo 5

Página 56


Haviam se passado oito horas e Seth continuava sem ter um plano. O sol da Califórnia ergueu-se sobre o Oceano Pacífico e cobriu a casa dos Cohen. Ele espiou pela janela. Nenhum sinal de movimento perto da casa da piscina.
-- Muito bem, Capitão Aveia, chegou o dia. Você está pronto? Silencio. – Foi o que pensei. Ótimo, você fica aqui. Eu vou enfrentar o meu destino.
Seth vestiu uma camiseta e desceu as escadas. Na cozinha, encontrou um bilhete. Sua mãe tinha ido ao escritório e seu pai estava fazendo compras no mercado. “Ótimo”, Seth pensou enquanto lia a última linha: mostre a casa para Ryan e certifique-se de que ele tome café da manhã. “Quando foi que me tornei o guia turístico da casa dos Cohen?”
Seth deixou o bilhete no balcão resmungando. Então, pegou uma rosquinha e sentou-se à mesa da cozinha. Encontrou o Caderno de Artes e Lazer na pilha de jornais e começou a ler. Seu ritual de todas as manhãs. Mas esse era um sábado diferente. Ele não conseguia se concentrar. Não com Ryan, lá fora, dormindo na casa da piscina. A agitação e o nervosismo da noite passada...


Página 57


...voltaram. A Operação Amigo Criminoso estava começando a parecer a pior idéia de todos os tempos.
Como ele iria falar com Ryan? Ele não tinha o Capitão Aveia e não era Kavalier. Por que seus pais o tinham deixado sozinho? Quando voltassem, precisava conversar com eles. Esse era um comportamento inaceitável. Eles deveriam estar ajudando e não ao contrário.
Seth jogou o caderno de Artes e Lazer na mesa e pegou seu café da manhã. Não conseguia continuar sentado em silencio, simplesmente esperando que o criminoso acordasse e entrasse para comê-lo vivo. Ele precisava fazer alguma coisa. Precisava distrair-se. Então foi para a outra sala e começou a jogar seu jogo de vídeo-game favorito. Seth estava contente, pelo menos por enquanto.
Do lado de fora, Ryan acordou surpreso. Desorientado. Por um momento, encolheu-se entre os lençóis, esperando pelo tapa de A.J. ou pelos gritos de sua mãe mandando que ligasse para o serviço para dizer que ela estava doente, mas tudo estava tranqüilo. Só o cantar de uma gaivota e o som do oceano. Ryan olhou ao redor e se lembrou de onde estava. Seria um sonho? Ele se beliscou para saber se era verdade. E sentiu a dor. Não era um sonho.
Lentamente, Ryan colocou sua calça jeans enquanto olhava em volta. A casa da piscina era quase do tamanho da sua casa toda em Chino. Ele não conseguia acreditar que tinha dormido ali. Então, se lembrou de Marissa, a garota da casa vizinha, e de ter andado no carro de Sandy Cohen e, por um momento, ficou atordoado. Raspou os dedos no piso. Um reflexo.
Saiu de lá e descobriu que a casa era ainda mais espetacular do que pensava. A piscina enorme, o gramado perfeito, a vista para o oceano. Esse era o verdadeiro paraíso. Demais para Ryan suportar de estômago vazio. Ele foi andando até a porta dos fundos imaginando que encontraria algo para comer.
Quando abriu a porta, viu-se frente a frente com Seth. Não exatamente, mas foi como ele se sentiu. Eram os únicos na casa.


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Ele ficou um pouco surpreso, mas se lembrou de Sandy ter mencionado o filho. Devia ser ele. Mas Ryan não soube o que dizer além de “oi”.
-- Oi.
“É isso. É exatamente isso”, Seth pensou. O.K. finja que está tudo normal. Apenas o ignore por um momento. Seth virou-se para a TV de plasma e continuou jogando.
Ryan ficou parado, aguardando constrangido. Ele podia entrar?
Seth se lembrou do bilhete da mãe. “seja legal”, ele pensou. O.K.!
-- É o novo Play Station – Seth falou com a melhor das intenções. Ryan deu um passo à frente.
-- Eu sei.
Talvez Ryan soubesse mais do que Seth imaginava. Agora ele estava se sentindo mal. Será que o tinha ofendido? Precisava fazer alguma coisa para consertar seu erro.
-- Quer jogar? – perguntou com a voz fraca.
Ryan hesitou um pouco. – Claro.
Ryan sentou-se no chão, ao lado de Seth, e pegou um controle extra. Eles começaram a jogar e, quando Ryan estava para destruir o ninja de Seth, Seth fez uma pausa no jogo. Lembrou-se do bilhete de sua mãe. Ryan devia estar morrendo de fome.
Ryan pareceu confuso. O que ele tinha feito?
-- Você não quer comer alguma coisa?
Então Ryan entendeu. Fez que sim com a cabeça. Seth levantou-se e foi para a cozinha. Abriu o armário e começou a listar todos os cereais conhecidos pela humanidade. Ryan estava atônito. Na casa dele era sorte ter uma caixa. Ryan disse a Seth que comeria o mesmo que ele fosse comer. Não queria deixar as coisas mais difíceis e complicadas.
Seth voltou com o cereal e voltaram a jogar. Os dois foram entrando no jogo e começaram a aproximar-se enquanto continuavam lutando na tela. “Não é tão ruim”, pensou Seth.


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Talvez Ryan não fosse um criminoso durão. Talvez fosse mais parecido com Dean, o garoto com passagem pela prisão aguardando sua chance.
Os garotos continuavam a rir e a jogar. Sandy chegou em casa do mercado e parou, imóvel, a caminho da porta. O som não era familiar. As risadas dos garotos. Ele não conseguia acreditar, mas estava emocionado. Parou por um momento e observou os garotos jogando.
-- Vai logo! Eles vão nos matar! – Seth exclamou.
-- Que tal eu te dar cobertura? – Ryan perguntou.
E Seth foi em frente. Ambos apertaram os botões com fúria, mas sem resultado. Jogaram os controles para cima. Tinham perdido. Era hora de começar um novo jogo.
Seth ficou nervoso por um momento. Precisava escolher o jogo sabiamente. Não queria parecer um babaca. Ele pensou em todos os jogos que tinha e teve a idéia perfeita. Esse jogo era legal.
-- Quer jogar Grand Theft Auto? Ryan ficou olhando para ele. – É muito bom. Você pode roubar carros... – então, Seth percebeu. Ele tinha mesmo dito aquilo para Ryan, o criminoso? O garoto que estava ali porque tinha roubado um carro? Agora ele estava ferrado. Tinha estragado tudo. As coisas estavam indo tão bem. Tentou melhorar a situação. – Não que seja legal. Ou ruim. Mas...
Sandy viu seu filho gaguejando e fazendo o que os Cohen faziam: tentando escapar pela tangente e conseguindo apenas cavar um buraco ainda maior. Entrou para salva-lo.
-- Vejo que se conheceram. – Os garotos concordaram com a cabeça. – O que estão fazendo sentados aqui dentro? Está um dia lindo. Seth, por que você não vai dar uma volta com Ryan?
“Ótimo”, pensou Seth. Agora ele podia levar Ryan para dar uma volta e apresentá-lo a todos os amigos que ele não tinha. Ou, melhor ainda, podia mostrar todos os grupos diferentes de adolescentes – os surfistas/chapados e os jogadores de pólo aquático – e mostrar como ele se entrosava super bem.


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-- Claro, pai, aqui é tão legal... Tem tanta coisa pra fazer... – Seth estava se sentindo triste em Newport e não tinha vontade de sair, mas então percebeu que Ryan estava olhando para ele. Ele precisava de uma resposta melhor. – A menos que... o que você quer fazer?
Então, Ryan, sem ter muita certeza de que ele quisesse saber a resposta mas bastante curioso, perguntou:
-- O que vocês costumam fazer por aqui?

Seth mostrou a casa para Ryan e depois andaram até a praia. Lá abaixo da casa dos Cohen e de Marissa, Seth aprontou seu veleiro. Ryan tentou ajudar mas só estava atrapalhando. Não sabia nada sobre barcos.
O único barco que já tinha visto de perto era o barquinho de brinquedo com que ele brincava na banheira quando era criança, e essa era uma lembrança antiga. Tudo nesta praia o surpreendia. Ele nunca tinha vivido em lugar onde se pudesse caminhar até a praia e ter seu próprio barco. A coisa mais legal de que tinha se aproximado a pé ao sair de sua casa tinha sido o Slip and Slide* que a mãe de Theresa trouxera um dia para casa quando eles eram crianças. Ela o encontrara em um bazar na casa de Irvine, quando estava voltando do trabalho. Esse também tinha sido o mais perto que Ryan já tinha chegado de tanta água.
-- Pronto? – Seth perguntou enquanto colocava lentamente o barco na água.
Ryan olhou a vastidão do oceano à sua frente. Ele não conseguia acreditar que ia fazer isso. – Lógico – disse, enquanto ajudava Seth a empurrar o barco para a água.

*brinquedo feito em material semelhante ao de piscinas plásticas que tem a forma de duas pistas de corrida. Ligado a uma mangueira, solta água pela parte central e as crianças podem escorregar.


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Seth subiu na parte de trás do barco, arrumando o leme, para garantir que pegariam o vento certo. Ryan podia perceber que isso era algo que Seth fazia com freqüência. Ele estava impressionado. A maioria dos adolescentes que conhecia só sabia matar aula e se esconder da policia, ou, como seu irmão, roubar carros. Ele nunca tinha conhecido alguém dessa idade que fosse apaixonado por alguma coisa, mas dava pra ver que Seth realmente gostava daquilo.
-- Faz tempo que você faz isso?
-- Meu avô me ensinou quando eu tinha seis anos. Ele veleja muito. Tem um iate também. De vez em quando eu piloto. Mas não é sempre.
Ryan concordou com a cabeça. Então...
-- Mude a direção! – Ryan olhou para ele. “O quê?” – Vire! – E, de repente, Ryan viu a vela balançando acima de sua cabeça. Ele entendeu.
-- Virando!
Ryan abaixou e passou para o outro lado do barco. Não era tão divertido assim. Ele estava assustado. Seth percebeu seu desconforto.
-- Relaxa! Na pior das hipóteses você cai na água.
Mas isso não acalmou Ryan. – Eu não sei nadar!
Agora Seth estava se sentindo mal. Primeiro, ele tinha ofendido Ryan quando presumiu que ele não soubesse o que era o novo Play Station, depois falou sobre roubo de carros e agora estava com Ryan no meio do oceano e ele não sabia nadar. Quando voltasse, teria um amigo a menos do que tinha antes. “Será que é possível ter amigos negativos?” Ele pensou. E se Ryan se afogasse? O que seria pior?
-- Eu dificilmente viro, mas por via das dúvidas me melhor você colocar isto – Seth disse enquanto entregava um colete salva-vidas para Ryan e tentava acalmar a situação.
Ryan pegou o colete e ficou olhando meio sem graça, mas Seth entendeu. “Eu também deveria colocar um...”


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Os garotos velejaram em silencio enquanto Seth se afastava da costa. Dali, Ryan podia ver toda a bela extensão da praia de Newport. E embora ainda estivesse apavorado com o mar aberto, estava muito embasbacado com as mansões alinhadas sobre os penhascos e as praias para se importar. Uma casa dali era maior do que um quarteirão inteiro de casas em Chino. Ryan pensou na sua casa. O que iria acontecer com ele ali? Ele voltaria para Chino um dia? Ele veria Theresa novamente? O que sua mãe diria quando ele voltasse? Ele tinha, realmente, sido expulso para sempre?
Seth estava se sentindo desconfortável com o silencio. Ele podia ver os olhos de Ryan movendo-se rapidamente, como se estivesse pensando. Seth ficou nervoso. “Esse cara deve estar me achando um completo imbecil”, Seth pensou. “Provavelmente ele está entediado. Isso não é como roubar um carro. É uma comparação sem graça.” Ele se sentiu um babaca. Mas precisava pensar em algo para dizer. O silencio o estava matando e ele precisava redimir-se por ter levado Ryan para um passeio tão monótono. Não havia ondas e o vento estava começando a diminuir. Isso não era velejar de verdade, mas talvez Ryan não percebesse. Seth procurou alguma coisa, qualquer coisa para começar uma conversa.
-- Então... é a primeira vez que você veleja. Está gostando? Ryan não respondeu. Não conseguiu. Sua cabeça ainda estava em Chino. Mas Seth estava sendo tão legal. Ele fez que sim. Seth também acenou com a cabeça.
-- Eu amo.
Mas o plano de Seth não tinha funcionado. Lá estava o silencio de novo. “E agora?”, ele pensou. Ryan ficou olhando para a costa. Para as casas. Para a casa de Marissa. Seth estava ficando incomodado. Será que ele podia contar sobre Summer? Seu plano. Talvez Ryan gostasse. Achasse charmoso. Mas que idiotice, para que ele iria querer que Ryan o achasse charmoso? Ele não queria, mas precisava dizer alguma coisa. Alguma coisa sobre o qual pudessem conversar. Algo que durasse todo o caminho de volta até a praia.


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Ryan continuava pensando em Chino, sobre como tinha abandonado Theresa. Sobre seu irmão, em uma cela escura e úmida e se sentia culpado por estar ali, no meio do oceano, por pensar em Marissa. E se sentiu culpado por não dar atenção a Seth.
Voltou-se para Seth enquanto ele continuava a falar. Seth tinha se decidido. Iria contar seu plano para Ryan.
-- eu tenho esse... plano. Ou, não sei. Você pode achar... – ele não acreditava que estava fazendo isso. – Que seja, talvez, mas... – não era como contar para o Capitão Aveia. – Em julho do ano que vem, os ventos vão virar para oeste. E eu... bem... eu quero ir para o Taiti. Posso fazer isso em 44 dias. Talvez até 42.
Ryan não sabia direito o que responder; nunca tinha conhecido ninguém com planos tão grandiosos. – Nossa. Isso parece... – Ele queria dizer que parecia incrível. Como um dos melhores planos que ele já tinha ouvido, mas não podia. Não queria que Seth o achasse delicado.
Mas Seth terminou a frase para ele. – O máximo? Será que Ryan estava entendendo mesmo? Seth estava em choque. Nunca tinha contado esse plano para alguém de verdade antes. Tomou coragem e decidiu continuar. – Sem regras. Sem mapas. Só o sol e as estrelas. E, talvez, um sextante. Pescar peixes direto do barco, grelha-los bem aqui. Silencio total. Solidão.
Ryan continuava atônito. Seth tinha sonhos. E também acreditava neles. Isso era incrível para ele. Ele queria saber mais: – Não vai se sentir triste e solitário?
Seth respondeu sem pestanejar: – Vou levar Summer comigo. – Ele abafou as palavras. Tinha estragado tudo.
Ryan olhou para a lateral do barco. Estava escrito Summer Breeze. – É isso que você vai levar pro Taiti?
Então Seth percebeu que era o fim. Um amigo negativo. Ele estava prestes a soar incrivelmente patético. – Não. A garota que inspirou o nome do barco.


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Ryan achou que ela deveria ser alguma namorada. Ele nunca tinha feito nada tão doce para Theresa e eles se conheciam desde os cindo anos de idade. Mas talvez as relações funcionassem dessa forma por aqui.
-- Ela deve ter ficado muito contente.
Seth estava apavorado com as palavras que ias sair de sua boca: – É... ela não faz idéia. Nunca falei com ela.
Agora Ryan estava se sentindo mal por ter trazido o assunto à tona. Ele percebeu que esse era o assunto doloroso ara Seth e poderia jurar que ele estava constrangido. Voltaram para a praia em silencio. O vento soprou forte outra vez. Ryan agarrou com força a lateral do barco. Os nós dos dedos ficaram brancos quando ganharam velocidade e aportaram na areia macia.

Sandy desceu a colina para encontrar os garotos enquanto eles tiravam o barco da água.
-- Então, Seth, eu estava pensando que nós poderíamos ir ao desfile de moda por volta das sete?
“Ótimo”, Seth pensou. As dificuldades e os problemas do ano escolar começariam mais cedo.
-- Divirta-se – Seth retrucou.
Ryan se perguntou por que Seth não queria ir. Ele olhou para cima e viu a casa dos Cooper. Ficou pensando em Marissa. Seria ela na janela? Ele não conseguia tirar a imagem dela de sua cabeça desde a noite passada. Sua pele bronzeada, seus cabelos loiro-escuros. E o cigarro da sorte que ela tinha fumado. Ele precisava encontra-la. Ele precisava daquela sorte.
Seth e seu pai continuaram a discutir sobre o desfile, mas Ryan só conseguia pensar em Marissa. Havia algo nela que o intrigava. Fazia com que ele se sentisse vivo nesse mundo perdido.
-- Bem, o Ryan precisa ir. A Marissa o convidou. – Até Sandy sabia disso. Seth ficou surpreso.
-- Ela convidou? – Seth começou. – Sou vizinho dela desde...


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... sempre, minha mãe quase se casou com o pai dela e ela nunca me convidou nem para um aniversário.
Agora Ryan estava entendendo a situação de Seth. E se sentiu solidário. No momento ele também se sentia um intruso. Ryan resolveu ajudar Seth. – Talvez a Summer esteja lá...
-- Ela é a melhor amiga da Marissa... interessante... Às sete? Seth também iria ao desfile.
Ryan sorriu por dentro. Estava feliz por ter feito algo por alguém pra variar. Esse era mais o seu estilo. Ele tinha gostado de Seth e sentia por ele.
Seth foi caminhando para casa, deixando Sandy e Ryan sozinhos. Ele sentia que o dia tinha sido de moderado sucesso. A Operação Amigo Criminoso poderia funcionar no final das contas. Talvez ele tivesse se exposto um pouco demais na história da Summer, mas fora isso, as coisas não pareciam tão ruins.
Sandy esperou até Seth não poder ouvir. – Quem é essa Summer?
-- Eu não me preocuparia com isso – Ryan disse, lembrando-se do sonho que Seth havia lhe contado no barco. Sandy deu-lhe um tapinha nas costas e foram subindo a colina para se prepararem para o desfile.

Logo acima, Marissa estava na varanda. Assistindo. Observando Ryan enquanto ele caminhava com Sandy. Seu tórax forte. Os músculos aparentes. Ela não conseguia tira-lo de seus pensamentos desde a noite anterior. Havia algo de diferente nele. Ele a intrigava. Fazia com que ela esquecesse a monotonia de Newport. Sua vida mundana. Ele era seu vestido Pucci. Sua válvula de escape. E ela queria mais.Continuou olhando enquanto ele entrava na casa. Refletindo. Ela o veria mais tarde.

Capítulo 4

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Pela janela de seu quarto, Seth observava a casa da piscina. Ele não conseguia dormir. Não estava certo sobre o que pensava a respeito daquele garoto dormindo no seu quintal. Ele realmente precisaria conhecê-lo?Enquanto andava pelo seu quarto, Seth ficou pensando em que tipo de problemas o garoto estava envolvido. Queria saber se Ryan era durão e cruel -- ele tinha lido em algum lugar que depois de passarem pelo sistema carcerário alguns criminosos se tornavam duros, insensíveis e praticamente incapazes de pertencer a uma sociedade normal. Seth achava que já deveria ter se acostumado com isso; afinal, seu pai era defensor público e lidava com criminosos o tempo todo. Mas ele nunca tinha trazido trabalho para casa. E Seth nunca tinha conhecido alguém que tivesse estado preso, principalmente alguém da sua idade que tivesse estado preso. Seth ficou refletindo sobre o que esse garoto teria de tão especial -- por que seu pai o teria trazido para casa? Por que ele estaria dormindo na casa da piscina? Eles tinham outros cinco quartos que nunca usavam.Seth tentou tirar Ryan da cabeça enquanto voltava a ler seu novo livro, Franny e Zooey, de JD Salinger. Ele tinha pegado o livro naquela tarde, depois de dar uma aula de vela no porto.


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Havia alguma coisa em Franny que o intrigava. Ele gostava da sua desconfiança dos caras que levavam a garota certa ao bar certo e ao jogo certo no fim de semana. O livro satirizava os padrões da sociedade, e ele adorava, porque ele próprio não se enquadrava nesses padrões. Sentia afinidade com a forma como ela categorizava as garotas no trem pelas escolas onde estudavam, porque ele fazia a mesma coisa. Ele conseguia andar de skate pelo píer ou pela orla e reconhecer os jogadores de pólo aquático, as debutantes, os estudantes do pacífico, os surfistas maconheiros e os garotos que viviam nas ruas numeradas. Newport era cheia de rótulos. O jogo era fácil para ele. E não porque gostasse dos rótulos, mas porque achava interessante que todos os outros jovens gostassem. Eles viviam para esses rótulos.
E Seth não tinha um rótulo. Na verdade, para a maioria das pessoas ele nem existia. Quer dizer, as pessoas sabiam que ele existia, mas ninguém conhecia o verdadeiro Seth Cohen. Ele era o capitão da equipe de vela. Clube dos Quadrinhos. Sociedade de Prevenção de Filmes. Mas era o único membro das três. Lembrava-se de como praticamente havia implorado a seus pais para que o deixassem ir para algum colégio interno nesse ano, mas eles se recusaram a atender o seu pedido. Disseram que uma família devia permanecer unida e que não era certo um garoto crescer sozinho, longe de sua casa. Seria muito duro. Mas o que eles não entendiam é que a vida ali também era dura. Nesse momento, se o tivessem deixado ir estudar fora, ele já teria partido para pegar o início do ano escolar e não voltaria para casa até o dia de Ação de Graças. Infelizmente, ele estava aqui. E agora precisava lidar com Ryan e o iminente ano escolar em Harbor. Não era exatamente essa a sua idéia sobre a idílica vida em Newport. Mas ele esta preso ali. Seth foi até seu aparelho de som e colocou sua cópia em vinil de The Cramps. Estava prestes a aumentar o volume quando ouviu um som fraco.
Pela abertura da porta de seu quarto, Seth podia ouvir seus pais conversando no andar de baixo. Suas vozes distantes sussurravam como uma brisa no verão.


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-- Prometa para mim que será só este fim de semana. Não somos um abrigo, Sandy. Você viu os olhos dele? Estavam tão vermelhos e... pareciam tão...
-- Tristes. – Sandy disse, completando a frase de sua esposa.
-- Não era isso o que eu ia dizer, mas tudo bem.
-- Ele está completamente sozinho. Não tem ninguém.
Seth aproximou mais o ouvido da abertura. Ele sabia como era se sentir triste e sozinho. Talvez ele e Ryan tivessem alguma coisa em comum, pensou. Talvez pudessem se tornar amigos. Sair. Fazer coisas de meninos, juntos. Velejar. Procurar garotas. Andar de skate. Ler histórias em quadrinhos. Jogar vídeo-game. Essa coisa de amigo era tão nova para ele. Seth nunca tinha tido um amigo de verdade. E talvez isso nunca fosse funcionar da forma como ele esperava, mas a idéia de que ele, Seth Cohen, pudesse ser amigo de um criminoso durão... era um pensamento interessante.
-- E ele não tem ninguém por que ele...? – Kirsten começou.
-- Roubou um carro. Com seu irmão mais velho – Sandy respondeu sucintamente.
“Melhor ainda”, Seth pensou. Um ladrão de carros. Durão e descolado. Isso podia quase valer o fato de não ter ido para o colégio interno. Se ele aparecesse na escola, no outono, tendo Ryan como amigo, conseguiria algum respeito.
-- Ele não é uma mente criminosa. Você precisava ter visto a mãe: bêbada e falando palavrões. E o coitado ali, em pé. Perdido. Incerto de si próprio e da situação. Kirsten, eu não podia simplesmente abandoná-lo, ela o expulsou de casa.
Seth não esperava que seu pai dissesse uma coisa daquelas. Ele estava esperando por drogas, álcool, sexo e festas. Coisas de criminosos de verdade. Talvez ele e Ryan não tivessem assim tanta coisa em comum. Como ele conversaria com um garoto que havia sido expulso de casa pelos pais? Ele não conseguia imaginar seus pais expulsando-o de casa, abandonando-o. A vida sem seus pais era algo inconcebível, e ele tinha uma imaginação enorme. Para onde ele iria? O que faria? Até onde conseguiria ir de skate?


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Ele não tinha carro e o veleiro estava reservado para Summer. Se ele fosse expulso, ficaria completamente perdido.
Provavelmente, acabaria se escondendo em um dos novos empreendimento de seu avô. Em alguma mansão que ainda não estivesse pronta. Sem televisão ou aparelho de som. Quase em completo isolamento.
-- Seriamos só nós dois, Capitão Aveia – Seth disse para um pequeno cavalo de plástico que tirou de sua estante e colocou na escrivaninha. Olhou para seu celular. Nenhuma ligação perdida e a agenda de telefones estava vazia. – Suponho que isso não seja estranho, huh?
Seth conectou seu iPod ao computador e começou a baixar algumas músicas novas.
As vozes no andar de baixo silenciaram. Os únicos sons agora eram dos grilos e das ondas arrebentando na orla bem distante. A brisa do verão batendo nas árvores. Suas folhas verdes batendo na janela.
Seth espiou o quintal pela janela. “O que dizer a Ryan?”, ele precisava de um plano. Algo que o fizesse parecer descolado e controlado. Não nervoso e estranho. Algo que o transformasse no anti-herói super-herói. Tudo o que ele sempre sonhara. “Mas como”, ele pensava. Esse plano precisava ser melhor e mais consistente do que o plano de velejar para o Taiti com o amor de sua vida, Summer Roberts. E ele vinha trabalhando nesse plano desde a terceira série. Ele estava perdido.
O plano da Summer vinha sendo trabalhado desde o dia em que ela entrara em sua sala na terceira série. Ela se sentava duas carteiras à frente dele e todas as manhãs ele a observava guardando o Meu Querido Pônei embaixo da mesa. Ela acariciava seu cabelo, dava um beijinho em sua cabeça e guardava de novo, enquanto a professora não estava olhando. Seus pais estavam se divorciando naquele ano, e uma manhã ele viu o pai dela lhe dando esse pônei. Foi quando Seth descobriu a verdadeira Summer. A Summer sensível, que era inteligente, graciosa e vulnerável. A Summer por quem...


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...ele se apaixonou. A Summer que ele sabia existir por trás das roupas de estilistas e da popularidade que ela tinha atualmente. A Summer com quem ele um dia iria conversar e velejar para o Taiti.
Mas Ryan não era Summer. Ele não tinha um plano feito para o Ryan. Isso seria difícil. Ele tinha um plano para Summer. E mesmo assim jamais conseguira entrar em seu campo de visão. Também aqui, ele não estava no campo de visão de Ryan. Talvez conseguisse evitar Ryan durante todo o fim de semana. Esconder-se pela casa. Pegar um pouco de cereal. Esconder-se no andar de cima. Puxa, quem é que ele queria enganar? Ele precisaria conversar com o garoto. E o que iria dizer? Eles não tinham nada em comum além do fato de serem solitários. E, por mais reconfortante que isso parecesse, a solidão não tinha lhe dado nada até então.
Seth precisava de um plano real. Um plano a prova de besteiras, com cem por cento de chances de sucesso.
-- Então, Capitão Aveia. O que vai fazer? O plano? Um carro novo? Uma edição rara da Mulher Maravilha? Um engradado de cerveja?
Mas o cavalo não respondeu.
-- Bonecos. Quando preciso de sua ajuda você fica quieto.
Seth levantou-se da cama e começou a vasculhar as gavetas de sua escrivaninha. Mas não havia nada lá. Nenhum plano sobre como conversar com criminosos. Nenhum livro sobre como fazer amigos. Só um monte de mapas e tabelas de marés. Sextantes e folhetos sobre o Taiti. Se Summer fosse uma criminosa, ela seria sua melhor amiga.
Ele precisava de mais tempo. Que valesse por nove anos. E ele tinha aproximadamente oito horas até Ryan acordar. Ele estava realmente perdido.
-- Descanse um pouco camarada. Isso pode ficar feio. – Seth suspirou enquanto colocava o Capitão Aveia de volta na estante.
Era hora de trabalhar. E isso significava colocar para tocar Death Cab for Cutie, com o repeat ligado. Alguns bons livros. Kavalier & Clay. E seu favorito – Pé na estrada.


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Ele folheou os livros em busca de respostas. Sem muita certeza do que poderia encontrar, mas achava que tinha de existir alguma coisa. “A literatura não é a história das emoções humanas?” Kerouac tinha de ter uma resposta. Ele tinha passado meses na estrada conhecendo diversas pessoas. Ele saberia como lidar com um criminoso. Como fazer amigos. Como ser interessante. Lidar com situações constrangedoras. As coisas certas a serem ditas nos momentos certos.
Seth folheou as páginas, mas não estava encontrando nada. Não conseguia achar a fala perfeita ou a passagem que lhe mostrasse o caminho. Continuou lendo. Procurando.
Talvez Ryan fosse como Dean, um infrator juvenil apenas aguardando para se tornar um intelectual. Um desajustado que esperava se tornar algo maior. E, se isso fosse verdade, não deveria ser tão difícil. Seth se considerava um intelectual. Eles poderiam discutir literatura, música, artes. Entrar em discussões acaloradas. Tirar sarro. Mas e se Ryan não quisesse conversar?
Isso seria o bastante? Não estava nem perto do curso perfeito traçado para o Taiti. O conhecimento dos ventos. Um sextante novinho. Não era sólido. Ele precisava de um plano sólido. A Operação Amigo Criminoso não seria fácil de ser executada sem um bom plano.
Ele se voltou para o Kavalier & Clay e começou a folhear o livro. As ilustrações o atraíam, mas nada parecia certo. Será que teria de começar do começo?
Talvez ele pudesse fazer alguma coisa diferente, como Josef Kavalier para quebrar o gelo. Um momento que ele e Ryan pudessem guardar só para eles. Alguma coisa que os aproximasse. Ele não fumava, então não poderia fazer um novo cigarro com as bitucas dos velhos, mas talvez pudesse fazer outra coisa. Algo que o fizesse parecer descolado. Eles poderiam jogar Jenga* e ele deixaria Ryan vencer. Mas isso não seria muito...

*jogo eletrônico, disponível na internet.


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...babaca? Na verdade ele só tinha jogado com o Capitão Aveia e, bem, ele nunca respondia.
Ou talvez ele pudesse mostrar sua coleção de histórias em quadrinhos para Ryan. Ele tinha algumas edições de colecionador. Bastante impressionante. Mas e se Ryan detestasse quadrinhos e os achasse babacas?
E música? Bandas Emo. Rock independente. Punk. Será que os outros caras ouviam as mesmas que ele?
Seth se sentiu perdido. O peso do mundo sobre seus ombros. Ele não conseguia achar uma boa resposta. Um plano sólido.
A cama pulou quando ele se jogou nela. Mais do que nunca ele estava se sentindo um perdedor. Um estanho, incapaz de ter amigos reais. Estava triste. E bravo. Queria fugir, mas não podia. Já tinha pensado nisso antes. Não tinha para onde ir. Ninguém a quem recorrer. Estava sozinho. Sem um bom plano.
Ao menos, não dava para ficar pior.
Ele precisaria lidar com isso.
Um dia ele olharia para esse momento e daria boas risadas. Quando ele e Ryan fossem velhos amigos, como irmãos, ele o faria ler esses livros. Encontrar uma resposta para ele. E juntos iriam rir de toda a dificuldade que Seth teve para dizer um simples “oi”.
Seth olhou pela janela para a escura casa da piscina e a escuridão que cobria Newport. Todos estavam dormindo. A quem ele queria enganar? Isso não funcionaria nunca. Ele era o Cohen: o esquisito com quem ninguém da escola conversava. Clark Kent sem a capa. Peter Parker antes da picada. Por outro lado...
-- Está pronto, amigo? – disse Seth, enquanto tirava o Capitão Aveia da estante e colocava ao lado de sua cama. – Tenha uma boa noite de sono. Amanhã começa a Operação Amigo Criminoso. O cavalo não disse nada, mas teve de se manter em pé.-- Nós vamos conseguir. Mas se falhar, sempre vai existir a Summer e o Taiti... – Seth disse ao fechar os olhos para dormir.

Capítulo 3

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O Departamento de Recuperação Infantil estava em silêncio a essa hora. Ryan quase podia vero frio escorrendo pelas paredes das celas sujas e úmidas. Seu olhar se perdeu na escuridão acima de sua cama enquanto pensava em seu irmão. A torneira pingando perto de sua cabeça ditava o ritmo para aquele beco sem saída, Trey devia estar passando por algo dez fezes pior e, por pior que fosse a situação de Trey, ele só conseguia pensar como devia ser difícil para seu pai. Equanto seus olhos fechavam lentamente, ele pensava se voltaria a vê-los.Depois de algumas horas de sono, Ryan foi acordado pelo barulho das chaves na porta de sua cela. Um dos guardas abriu a porta com um estrondo.-- Atwood, vamos.Ryan sentou-se na cama meio grogue. Era uma intimidação. Ele colocou os sapatos do uniforme do centro de recuperação e...


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...seguiu o guarda até a àrea de visita, onde viu como familias e amigos recuperavam o tempo perdido. Ryan se perguntou para onde estava indo. Sabia que ninguém iria visitá-lo, tinha certeza de que a única pessoa que sabia que ele estava ali era seu irmão, e ele estava na prisão. Mais uma vez Ryan estava sozinho, sem ninguém. Mais uma vez, Ryan estava sozinho, sem ninguém. O guarda o anunciou em uma sala privada, separada das famílias felizes e dos amigos sorridentes. Ryab entrou, de cabeça baixa.-- Oi Ryan, Sandy Cohen.Ryan levantou os olhos e viu um homem bem vestido, sentado a uma mesa no centro da sala.Ryan sentou-se no banco, de frente pra ele. O homem mal olhoy para cima, enquanto folheava uma pasta de arquivo. Ryan presumiu que fosse a sua ficha. E estava certo.-- O tribunal me designou como o seu defensor público."Ótimo!", pensou Ryan. "Alguém do outro lado".-- Podia ser pior."Na verdade, não", pensou Ryan ao lembrar-se de sua mãe, de A.J., de seu irmão e da razão pela qual estava lá e, agora, Sandy Cohen, em seu belo terno. Não dava para ficar muito pior do que isso. Ryan mal ouviu o que Sandy disse depois. Tudo o que ele queria saber era:-- Onde está meu irmão?Sandy examinou a outra pasta sobre a nesa,-- Trey? Trey tem mais de 18 e roubou um carro. Trey tinha um revólver na cabeça e 30 gramas de maconha na jaqueta...E Ryan não conseguiu ouvir ais nada. Ele sabia que seu irmão tinha ido embora pra sempre. Que talvez nunca mais fosse vê-lo novamente. Ryan culpava A.J. por isso tudo. Se A.J. e sua mãe não tivessem feito o que fizeram, Trey nunca teria saído de casa e acordado Ryan, levado Ryan para uma festa, fugido dos caras a quem devia dinheiro e roubado um carro. E ryan não teria deixado Theresa sozinha. Ryan não teria acordado tomado um tapa na cara. Sua mãe não estaria bêbada e ele não...


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... precisava ter ligado o trabalho para dizer que ela estava doente. Trey acabaria voltando para casa depois de vir da casa de alguma garota. Ele... bom, ele levaria o McMuffin de Theresa e tudo estaria normal. Ryan apertou os dedos dentro do sapato, tentando conter a raiva e o medo. Engoliu algumas lágrimas enquanto raspava as unhas pelo lado de dentro do sapato, tentando não mostrar nenhuma emoção. Ele era bom nisso. Tinha feito isso a vida toda. Tinha aprendido que se você não mostra emoção, ninguém pode de machucar.Mas Sandy sentiu o nervosismo no corpo de Ryan e tentou mudar de assunto,-- Trey não é assunto meu. - Sandy folheou mais alguns papéis enquanto tentava conectar-se com o garoto sentado à sua frente. Sandy sentia por ele. Já tinha estado alí. Em um certo momento, ele tinha sido Ryan. O garoto do lado errado da estrada. O pai timha ido embora e a mãe nunca estava por perto. Mas ele tinha conseguido sair dessa realidade e via em Ryan a mesma chama que um dia ele teve. Sandy olhava as anotações sobre Ryan. Suas notas eram baixa e a frequencia ruim, mas ele tinha noventa por cento de acerto nas provas. Nem seu próprio filho acertava tantas questões. Esse garoto tinha potencial.-- Você já pensou no seu futuo? Tem algum plano?Mas Ryan continuava fechado em seu mundo. Pensando se as coisas algum dia iriam voltar ao normal. Pela primeira vez em muito tempo ele quis ir pra casa. -- Ei garoto, eu estou do seu lado. Quando quiser me ajudar eu...Ryan saiu de seu mundo e olhou para Sandy.-- A medicina moderna está avaçando de um jeito que a média de vida chegará a 100 anos. Mas eu li um artigo que dizia que a Previdência Social deverá falir por volta de 2025. O que significa que as pessoas vão precisar permanecer em seus empregos até os 80 anos - Ryan fez uma pausa - Então, não quero me comprometer com nada tão cedo.


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"Garoto inteligente, talvez inteligente demais", Sandy pensou enquanto um sorriso aparecia em seu rosto. Ele pediu ao guarda para ficar a sós com Ryan. O guarda saiu e os dois ficaram em silêncio por um momento, enquanto Sandy organizava seus pensamento. Ele queria ajudar o garoto.-- Veja, vou contestar a acusação e alegar contravenção. Você é réu primário. Terá direito a liberdade vigiada.Ryan concordou com a cabeça enquanto esperava o "mas". Sempre há um "mas" nessas situações.-- Mas saiba: roubar um carro porque seu irmão mais velho mandou é idiotice. E é fraco... quer mudar isso?"Ótimo", pensou Ryan. "Outra lição de um homem que mal me conhece". Sandy continuou, mas Ryan só conseguia pensar em Theresa. Provavelmente, ela estava acordando agora, procurando por ele. Ele se sentia mal, queria estar com ela, abraçá-la e saber que as coisas ficariam bem. Por que ele foi sair com Trey? Por que foi acreditar nele quando disse que sairiam daquela cidade?-- Estou falando sério, um garoto inteligente como você deve ter um plano, algum tipo de sonho ou...Agora Ryan já tinha ouvido o bastante. Não aguentava mais aquele sermão. Sandy Cohen não poderia compreendê-lo. Não importava o que ele dissesse, o único que entenderia sua situação era Trey. E ele tinha sumido.-- De onde eu venho, ter um sonho não torna ninguém inteligente. Mas saber que ele não vira realidade, torna -- disse Ryan, lembrando-se da conversa com Trey na noite anterior.Ryan pressionou seus dedos contra a sola do sapato e lutou com suas emoções. Sandy ficou sem palavras.O guarda voltou e levou Ryan de volta para a cela para que se trocasse. Ele estava livre para ir para casa enquanto aguardava a audiência.


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Sandy ficou esperando com Ryan do lado de fora do Centro de Recuperação. Tudo estava quieto. Então o barulho do Chevrolet Nova interrompeu o silêncio e Ryan soube que era sua mãe. Ela entrou na vaga acelerando e pisou no freio quando bateu o para-choque ao subir na calçada bem na frente deles. Ryan tinha certeza de que a mãe estava pelo menos um pouco bêbada - se não muito - e teve medo do que poderia acontecer se ela chegasse muito perto de Sandy. Ele poderia sentir o cheiro de álcool e entregá-la, então ela seria levada. Ryan ficaria sem ninguém. Toda a sua família na prisão. O pensamento o assustou.-- O que foi que eu fiz pra merecer essa família? Você pode me dizer?Se puxasse o ar com força, Ryan consseguiria sentir o cheiro de tequila no hálito de sua mãe. Ele virou a cabeça. Sandy viu a vergonha nos olhos de Ryan e tentou facilitar a situação.-- Olá, Sra. Atwood. Sou Sandy Cohen, advogado de Ryan. - ele estendeu a mão e deu um passo à frente. Mas Dawn continuou perto do carro, ignorando o gesto. Ryan estava aliviado. Sandy não sentia o cheiro de bebida de sua mãe.-- Você deveria deixar ele apodrecer aí dentro. Como o pai. E como o irmão. Vamos, Ryan.Ryan respirou profundamente, agradeceu Sandy com a cabeça enquanto ia para o carro. Sandy ficou inquieto por um momento, desconfortável com a situação e começou a falar antes de ter a chance de pensar.--Vou lhe dar meu cartão.Ele olhou para Dawn,que tinha batido a cabeça ao entrar no carro.-- E o número da minha casa... se precisar de alguém. Se as coisas passarem dos limites... me liga.Ryan pegou o cartão de Sandy e colocou no bolso. Ele não disse, mas no fundo sentiu um certo alívio. Ninguém nunca tinha lhe oferecido ajuda antes. O gesto de Sandy não tinha sido em vão.


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Ele entrou no carro sem olhar para trás e foi embora com sua mãe. Sandy o observou partir e ficou pensando se o garoto ficaria bem.O Nova derrapou ao parar na entrada mal cuidada da garagem da casa dos Atwood. Dawn saiu batendo a porta. Ryan a seguiu de perto. Entraram em sua pequena casa, do tamanho de um trailer. Tudo estava velho pelo uso. "Um indicadivo da vida que temos", Ryan pensou.-- Não aguento mais isso, Ryan! Não aguento! Você também quer jogar sua vida fora? Não vou ficar assistindo.A viagem de carro havia sido silenciosa, mas Ryan sabia que isso iria acontecer. Sabia que sua mãe estava furiosa. Não importava quão furiosa sua mãe estivesse com ele ou com seu irmão, ela sempre tinha algo a dizer. Dawn abriu o armário e puxou uma garrafa de tequila. Serviu-se de uma dose e continuou gritando. Ryan tentou desculpar-se, mas não adiantou.-- Eu não aguento. Quero que você saia da minha casa. Quero você fora daqui.Dawn virou a bebida e acendeu um cigarro. A.J. levantou-se da cama-- Você ouviu sua mãe, cara. Arrume suas coisas e vá embora.Era o fim. Primeiro A.J. tinha começado isso tudo e agora ele estava o expulsando de uma casa que não era dele. Ryan já tinha aguentado de mais. Ele partiu para cima de A.J.-- Esta casa não é sua, cara.E a briga começou. Ryan deu o primeiro soco, mas A.J. era rápido e desviou. Ele agarrou Ryan pela camiseta branca e o jogou no chão. Ryan ficou lá, em estado de choque. Esperando que alguma coisa acontecesse. Qualquer coisa. Mas nada aconteceu. Sua mãe virou mais uma dose e deu uma trago no cigarro. Nem ao menos olhou pra ele.


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Ryan levantou-se e foi para o seu quarto. Pegou a mochila preta que tinha desde a terceira série, a única mala que já tivera, e começou a enchê-la com suas coisas. Quando terminou, deu uma última olhada ao redor; embora não soubesse para onde estava indo; não tinha certeza se um dia voltaria. Murmurou um adeus mais para si do que para qualquer coisa e saiu pelo corredor, passou pelo quarto vazio de Trey e saiu pela porta da frente.Subiu em sua bicicleta e foi descendo a rua. Passou pela casa de Theresa e dos Ramirez. Passou pelos quintais cheios de mato e de peças de carros e pelo sinal da Larch Street. Pensou em voltar e ir para a casa de Theresa, mas não podia fazer isso. Precisava ir embora. Rápido.Ele percorreu todo o caminho até a loja de bebidas da cidade vizinha. Deixou a bicicleta no chão e entrou pra comprar outro maço de cigarros com parte do pouco dinheiro que tinha. Do lado de fora, sentou-se na pequena mureta de concreto que cercava o estacionamento e pensou no que fazer depois. Foi para o telefone público e começou a ligar para todo mundo que conhecia. Até para Theresa. Mas ela não estava em casa e não tinha secretária eletrônica. Continuou ligando. Ninguém estava em casa. Ninguém o queria. Chutou o telefone por causa da frustração e procurou nos bolsos por algum trocado. Ele precisava continuar telefonando. Só tinha mais 25 centavos. Seus bolsos estavam vazios. A única coisa que encontrou foi o cartão de Sandy Cohen, que tinha o telefone de sua casa no verso. Ryan estava desesperado. Ligou a cobrar.De volta a Newport, Marissa tinha acabado de voltar de mais um dia na praia quando viu seu vizinho, Sandy, sair acelerando sua BMW. Ela ficou curiosa para saber onde ele iria com tanta pressa. A família Cohen nunca a interessara muito. Mas tinha alguma coisa na pressa de Sandy que fez Marissa parar. Parte dela queria estar naquele carro, partindo aceleradamente para...


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...algo novo, e outra parte estava claramente curiosa. "Talvez o Sr. Cohen faça parte de algum tipo de máfia", pensou, "e esteja fugindo como Tony Soprano". Mas aí ela riu. Sandy era simpático e honesto demais para fazer algo fora da lei, e Newport era muito tradicional -- e limpa-- para deixar criminosos entrarem na cidade.Lá em cima, em seu quarto, Marissa começou a se preparar para mais uma noite em Newport. Ela e Luke tinham combinado sair para jantar e encontrar todo mundo na casa e Holly depois. Quando entrou no closet, escolheu o vestido Pucci. Talvez pudesse usá-lo essa noite. Mas ao experimentá-lo e olhar-se no espelho, soube que não conseguiria. Não era o estilo dela e todos notariam. Por mais que quisesse sair de Newpot, ainda não estava preparada para ser diferente.Sentado na mureta enquando esperava Sandy chegar, Ryan puxou o maço de cigarros que tinha acabado de comprar. Pegou um e, quando estava quase colocando o cigarro na boca, ouviu a voz de Theresa ecoando em sua mente "se achamos nossas vidas ruin agora, imagine como seria se não tivéssemos sorte". Ele virou o cigarro de cabeça para baixo e colocou de volta no maço. Desespero, lógico. Mas, talvez, a sorte o encontrasse em breve.Sandy parou sua BMW novinha e antes que Ryan percebesse, estavam se afastando do mundo que Ryan conhecia.À medida que se distanciavam, o cinza de Chino ia se transformando no dourado de Newport Beach. Chevrolets e Fords iam se transformando em Mercedes e Range Rovers. Gramados sujos viravam campos de golfe perfeitamente aparados. Estradas de concreto davam espaço à areia quente e dourada. Crianças brincavam na praia e casais observavam o pôr-do-sol. O céu era limpo e claro. E o ar, quente.


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Quando entraram pelos portões do condomínio privado dos Cohen, o sol estava quase se pondo. Sandy reduziu a velocidade quando um carrinho de golfe passou na frente deles. Ryan olhou para Sandy. Ele nunca tinha estado em uma vizinhança onde carrinhos de golfe e BMWs dividiam a mesma rua. Na verdade, ele nunca tina visto nenhum dos dois em sua vida. Chino não era exatamente conhecida por seus campos de golfe ou carros luxuosos. Ryan estava quase sem fala, mas estava curioso demais para ficar quieto.-- Este... este carro é muito bom. Eu não imaginava que advogados como você ganhassem bem.Sandy deu um sorriso. Esse garoto era realmente esperto.-- Não ganhamos. É da minha mulher.Agora Ryan estava mais curioso. -- O que ela faz?-- Está vendo isso?Com a mão para fora da janela, Sandy apontou as mansões que os rodeavam. Ryan olhou. Ele estava pasmo.-- Tudo isso?Sandy pensou por um minuto.-- Quase tudo...Definitivamente, Ryan nunca tinha visto algo como Newport Beach ou as casas que via passando pela janela. Ele achava que Theresa vivia em uma boa casa, com tela na porta da frente, que sua mãe tinha colocado para deixar entrar a brisa no verão, e com a cerca de metal que Ryan tinha ajudado o irmão dela, Arturo, a colocar num verão. Era melhor do que a maioria das casas da vizinhança. Mas isto era diferente. Isto exalava dinheiro e conforto. Ryan não sabia o que estava fazendo ali e pensou em fugir.Sandy pegou a entrada da garagem de uma das maiores casas do quarteirão. Ryan começou a sair do carro, mas Sandy o segurou.-- Você se importa de esperar um pouco? Tenho muita coisa a explicar.


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Ryan não disse nada. "Do que ele estava falando?"-- Era o que Rick sempre dizia a Lucy quando... Esquece!Eu já volto.Ryan concordou. Sandy desligou o carro e estava prestas a sair quando foi pegar a chave da ignição. De repente ele tomou consciência da situação. Ali estava ele deixando um garoto que tinha tentado roubar um carro 24 horas atrás sozinho em sua BMW. Por outro lado, queria mostrar a Ryan que confiava nele.-- Não tem graça se a chave estiver no carro -- disse Ryan.Sandy sorriu, apreciando a atenção de Ryan, e saiu do carro, deixando as chaves.Ryan ficou em silêncio, sem conseguir acreditar na situação em que estava. Bancos de couro, ar-condicionado, rádio e CD player. E não naquela cela escura e úmida. Sem mãe bêbada gritando. Sem A.J. bêbado e irritado. Só a música nos alto-falantes.Dentro de casa, Sandy começou a explicar a situação para sua esposa, Kirsten.-- Você o trouxe para casa?Como era de se esperar, Kirsten não estava exatamente empolgada com a perspectiva de ter um ladrão hospedado em sua casa. Sua linda casa. Onde tudo era meticulosamente planejado e bastante caro: a geladeira e o fogão Viking, o piso de ladrilhos espanhóis e as bancadas de granito. Mas, por mais zangada que estivesse, Kirsten não estava completamente surpresa com o fato de Sandy trazer um estranho para casa. Era por isso que ela o amava. Ele tinha um coração de ouro.-- É só por um fim de semana. Até o Serviço Social abrir na segunda...Kirsten pensou por um momento.-- Ele dorme na casa da pscina.


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-- Temos cinco quartos que não usamos. Mas Kirsten lançou-lhe um olhar e Sandy soube que essa não era uma luta que ele pudesse ganhar. Seria na casa da piscina. Kirsten estava saindo da cozinha.-- Aonde você vai?Kirsten virou-se. -- Guardar minhas jóias no cofre.Sandy ia dizer alguma coisa quando ela o interrompeu. -- Onde acha que eu vou? O garoto vai precisar de lençóis limpos, toalha, escova de dentes...Kirsten saiu da cozinha exatamente quando seu filho, Seth, estava chegando. Seth tentou para-la.-- Que garoto? -- Pergunte ao seu pai -- Kirsten respondeu.Sandy sabia que precisaria explicar tudo para Seth também. Seth entrou, foi até o armário e começou a se servir de uma tigela de cereal. Sandy o olhava, pálido, sem muita certeza do que dizer. Seth achou que ele estava olhando seu cereal.-- Não está muito crocante, eu sei, mas não fica encharcado. Olha...Seth encheu a boca e ficou com ela aberta. Então triturou o cereal com os dentes. Sandy concordou. Tinha entendido.-- Seth, tem esse garoto, Ryan. Um cliente meu. Eu, bem, sua mãe e eu decidimos deixá-lo ficar aqui durante o fim de semana. Ele não vem de uma boa família e não tem para onde ir no momento. Então, vamos cuidar dele.Seth pensou por um momento.-- Interessante... tipo um irmãozinho -- ele disse finalmente.Vários pensamentos passaram por sua cabeça. Ele sempre quis um irmão. Alguém que pudesse moldar, ensinar e...-- Humm. Não exatamente. Ele tem a sua idade.A expressão de Seth mudou enquanto colocava mais uma colherada de cereal na boca. Ele não estava feliz.-- Certo. Um homem de 16 anos. Meu melhor amigo. Obrigado, pai. Vamos nos dar superbem. Como gatos e ratos, peixes e ursos, leões e...


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-- Seth, não é isso...-- Não, tudo bem. Vou estar no meu quarto.Sandy tentou convencê-lo a ficar, mas Seth já tinha subido as escadas e ido para o quarto ler seu último livro de quadrinhos.Do lado de fora, na entrada de carro, Ryan estava ficando chateado. Ele precisava fumar. Abriu o maço e viu o cigarro da sorte. A voz de Theresa encheu sua cabeça. "Sorte", ele pensou, "que coisa estranha". Queria saber se ela estava em casa agora. Se quando entrasse poderia ligar para ela. Se Sandy realmente o deixaria entrar.Na porta ao lado, Marissa saiu de casa. Estava prestes a ligar para Luke quando reparou em Ryan, na entrada de carro da casa dos Cohen.Seus olhares se cruzaram.Ela sorriu para ele. Ryan ficou chocado com sua beleza. Alta, magra e bronzeada. Cabelo castanho-claro e olhos verdes. Maravilhosa.Marissa percebeu que ele estava olhando. Ela estava curiosa e desconfortável com a situação. Nunca o tinha visto antes.-- Quem é você?-- Quem você quiser que eu seja. -- Ryan tentou descontrair.-- O.K. -- Ela respondeu."Deus, essa foi péssima", Ryan pensou. E colocou um cigarro na boca.Marissa pensou na péssima resposta, mas logo esqueceu enquanto o observava. Ela estava encantada. Ele era diferente. Ela precisava dizer alguma coisa.-- Ei, posso filar um cigarro?Ryan aproximou-se e estendeu-lhe o maço. Ela pegou um e o colocou entre os lábios. Ambos hesitaram um pouco e, então, se inclinaram para que as pontas do cigarro se tocassem. Uma faísca surgiu entre os dois.O coração de Marissa acelerou. Isso era melhor do que qualquer vestido Pucci.-- Então, o que está fazendo aqui? De verdade.


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Ryan não tinha certeza do que deveria dizer. A verdade? Uma mentira? Mas não tinha muito tempo para pensar.-- Roubei um carro. Bati em um telefone público. Na verdade, foi meu irmão que fez isso. E, como ele tinha uma arma e drogas, está na cadeia. Eu sai, mas minha mãe me expulsou de casa porque estava furiosa e bêbada, e o Sr. Cohen me acolheu.Marissa começou a rir, pensando: "Ele não está falando sério, ou está?". Ryan ficou sem graça.-- Não, de verdade. Você é o primo deles de Boston, certo?Agora Ryan tinha entendido. Ela não estava rindo da situação dele -- ela simplesmente não acreditava. Ele entendeu.-- Sim, Boston.Ryan estava prestes a perguntar seu nome, mas Sandy apareceu. Marissa jogou imediatamente o cigarro nos arbustos. Ryan continuou fumando.-- Olá Sr. Cohen. Estava conhecendo seu sobrinho.Sandy ficou um pouco surpreso, mas entrou na história. O garoto era bom.-- Ah, sim, meu sobrinho favorito, Ryan. De Seattle.Mas eles não estavam em sintonia.-- Seattle?-- Marissa perguntou rapidamente.Mas Ryan foi mais rápido. -- Meu pai vive lá. Minha mãe mora em Boston.Sandy sentiu a tensão no ar e mudou de assunto rapidamente.-- Estamos todos animados com o desfile de moda beneficiente de amanhã."Não, o desfile!", Marissa pensou, enquanto olhava nos olhos de Ryan. Sua válvula de escape estava bem na sua frente e tudo o que ela conseguia era falar sobre o que mais a assustava. Deus, como ela queria entrar em casa, vestir seu novo vestido e mostrar para Ryan que ela era diferente. Mas Sandy continuou, e ela era muito educada para interrompê-lo.Enquanto Sandy e Marissa continuavam conversando sobre o evento para arrecadar fundos, Ryan desligou. Ele não...


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...conseguiu evitar se perder na beleza e na voz suave de Marissa. Nenhuma garota que ele já tivesse conhecido falava com tanta graça e sofisticação. Nem mesmo Theresa. Ryan olhou para o maço de cigarros aberto que ele tinha enfiado no bolso. O cigarro da sorte tinha sumido. Olhou para os arbustos e viu o cigarro de Marissa ainda queimando. Ela tinha fumado o cigarro da sorte. Ele entrou em pânico. Isso significava que ela ficaria com toda a sorte? Ou eles teriam de dividi-la? Ele olhou para ela e, novamente, sentiu a ligação. A chama. Era isso que era a sorte?Marissa virou-se para Ryan.-- Ei, você poderia ir. Dar uma passada. Se não tiver outros planos.Ele era exatamente o que ela precisava para voltar a achar o desfile interessante.Ryan encolheu os ombros. Estava fingindo estar tranquilo. Marissa sorriu para ele, que estava começando a acreditar em amor à primeira vista ou algum outro clichê do tipo, quando Luke parou com sua caminhoneta e Marissa despediu-se. Ryan não conseguia tirar os olhos deles enquanto o carro arrancava.-- Quem era? -- Luke perguntou para Marissa enquanto o carro se afastava. Ela hesitou.-- Ninguém. Só um primo dos Cohen. Mas ela sabia que era mais que isso... ele era diferente.Luke concordou e flexionou os músculos peitorais por baixo de sua camiseta Volcom. Ele era um atleta bronzeado, loiro, de olhos azuis -- muito ingênuo para sentir-se ameaçado por outro cara. Luke começou a falar sobre as ondas fantásticas que tinha pegado com os amigos naquela tarde. Marissa mal ouvia enquanto estavam a caminho do Crab Shack para o jantar. Ela não conseguia tirar a imagem de Ryan de sua cabeça. Ele era melhor do que qualquer Pucci que ela pudesse comprar.


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Sandy e Ryan caminharam pela entrada da garagem até a casa. Ryan deu uma tragada no cigarro. Sandy reparou.-- Não se fuma nesta casa.Ryan fez uma pausa. Nunca algguém tinha lhe dito para não fumar. Ele não estava acostumado com adultos que tivessem regras, mas não queria arranjar mais nenhum problema. Então, jogou o cigarro na calçada.O interior da casa era ainda mais fantástico do que o exterior. Ryan ficou mudo enquanto seguia Sandy pela cozinha até a casa da piscina. Lá encontrou Kirsten, que lhe mostrou o quarto onde ficaria durante o fim de semana. Ela era educada, porém, distante.Ryan ficou pensando se os Cohen teriam outros convidades em casa. Eles certamente tinham quartos de hóspedes naquela casa enorme. Talvez ele não fosse o primeiro garoto que Sandy trazia para casa. Talvez os outros tivessem pegado os quartos de hóspedes e, para ele, tivesse sobrado a casa da piscina. "Mas ao menos tem uma cama", Ryan pensou.Sandy e Kirsten desejaram-lhe boa-noite e deixaram Ryan sozinho. Ele tirou a jaqueta e as botas e as colocou direitinho sobre a cadeira que estava no canto. Então tirou o jeans, dobrou e colocou por cima. Entrou no meio dos lençóis limpos e macios da cama. O quarto era silencioso. Não parecia nem um pouco com sua casa.Enquanto Ryan estava deitado ainda acordado neste lugar estranho, ele pensou em A.J., no seu pai, em Trey e em sua mãe, e tentou entender para onde a vida iria levá-lo. Será que voltaria a vê-los ou teriam sumido para sempre?Finalmente ele dormiu segurando a correntinha de couro que usava no pescoço, a última coisa que seu pai tinha lhe dado antes de ir para a prisão. A última vez que ele se lembrava de fazer parte de uma família.