domingo, 20 de setembro de 2009

Capítulo 2

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As ondas salgadas arrebatavam na areia da praia de Newport. Os surfistas locais estavam na água desde as seis da manhã, quando o sol começou a surgir no coração de Orange County, trazendo vida para a cidade. Bem além de Balboa Island e de Back Bay estendia-se uma vastidão de mansões modernas. Carros de luxo reluziam como espelhos nas entradas de carro e uma infinidade de pscinas brilhava nos quintais. As crianças iam para a praia em skates enquanto os pais iam trabalhar com seus Range Rovers. À medida que o sol ia subindo, Newport se tornava uma pequena metrópole farta em dinheiro e beleza.No coração disso tudo, ficava a casa de Marissa Cooper, no alto de um penhasco que dava para a costa. Ela tinha vivido aí durante a maior parte de sua vida. Sempre vizinha da família Cohen. E sempre com a vista do oceano pela janela. A vida em Newport era sempre a mesma, assim como o tempo: 22ºC e ensolarado. Nada mudava nunca. Ultimamente, Marissa andava entediada com a vista. Estava começando a questionar como seria a vida fora daquele mundo.


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A melhor amiga de Marissa, Summer, não tinha tais preocupações.
-- Isso é perfeito -- ela dizia, enquanto esticavam as toalhas na areia. Aquele era mais um dia na praia. Marissa e Summer tiraram as blusas e saias e ficaram com seus minúsculos biquínis. Elas eram duas belas garotas da Califórnia. De corpo alto, magro e iluminado pelo sol, Marissa e Summer brilhavam. As duas eram lindíssimas. Os garotos, na água, assoviavam e acenavam. Summer acenava de volta, alegremente, mas Marissa era um pouco menos extrovertida. Seu namorado, Luke, estava surfando, mas ele quase nunca notava sua presença. Ele estava muito ocupado esperando a onda perfeita. Luke fazia parte do grupo de O.C. que surfava toda manhã, jogava vôlei de praia o dia todo e treinava pólo aquático à noite. Marissa e Luke estavam juntos desde a quinta série. Ela nunca tinha tido outro namorado, e nem outra amiga. A cidade toda os conhecia como Marissa-e-Luke, sempre dito de uma vez só. Eles tinham se tornado um só aos olhos de Newport, e isso estava começando a incomodá-la.
-- Coop, o Saunders é tão gatinho, não é? -- disse Summer ao ver Luke e seu amigo. Saunders era um dos melhores amigos de Luke e Marissa o conhecia muito bem. Ele sempre estava com Luke.
-- Gatinho ele é, mas boa sorte quando tentar conversar com ele.
-- Não importa. Ele é uma graça.Marissa riu. Saunders era bonito, mas era, provavelmente, um dos garotos mais bobs que ela já tinha conhecido. Mas essa era a Summer, sempre comprando o livro pela capa, sem nunca passar do primeiro capítulo.Enquanto observava Luke balançar a cabeça para tirar os cabelos loiros dos olhos, Marissa ficou pensando no próximo ano da escola. Já tinha se passado mais da metade do verão e ela não estava ansiosa por mais um ano na Escola Harbor. Nada de novo acontecia em Newport, nunca. Ninguém se mudava para...


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...a cidade, e também ninguém ia embora. Ela ia para a escola com o mesmo grupo de crianças desde o jardim de infância, tinha a mesma melhor amiga desde a segunda série e o mesmo namorado desde a quinta. Marissa estava procurando alguma coisa nova. Algo que trouxesse um pouco de diversão para a monotonia que era sua vida. E achava que tinha encontrado. Marissa acordara naquela manhã de ressaca. Beber tinha se tornado sua válvula de escape de Newport naquele verão.Enquanto estava tomando sol, Marissa tentava esquecer a dor de cabeça pulsando atrás de seus olhos. Esse era o lado negativo da bebida. Ela se lembrava do primeiro gole que tinha tomado na vida. Foi no dia seguinte ao final das aulas, em junho. Houve uma festa na casa de sua amiga Holly, e toda a turma de sempre estava lá. O irmão mais velhos de Saunders tinha comprado um barril de chope e Luke deu para Marissa seu primeiro copo. No começo, ela achou horrível; mas quando começou a beber foi percebendo que a cerveja a fazia perder o controle. A sensação de libertação a deixou eufórica. Ela tinha passado maior parte da vida se controlando. E quando estava alta não se preocupava com a sua aparência ou com sua mãe criticando seu cabelo ou dizendo que ela ainda não estava pronta para fazer sexo com Luke. Ela aprendera a simplesmente aproveitar o momento e divertir-se com seus amigos. Às vezes, Marissa desejava poder ficar bêbada para sempre e nunca acordar de ressaca.Enquanto empurrava os pés na areia, Marissa começou a pensar sobre os planos para aquela noite "Provavelmente, os mesmos de sempre", pensou.
-- Ei, Coop. -- Summer sentou-se na toalha.
-- O que você vai usar no desfile?-- Não sei. -- Faltavam duas noites para o desfile da Liga Nacional Beneficiente, um dos principais eventos de verão de Newport. Marissa era a presidente. Ela e suas amigas estavam planejando o evente desdo o final das aulas e a maioria estava pronta para ver o trabalho duro ser recompensado.


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Mas Marissa começara a questionar sua importância e a refletir se uma criança doente ou uma esposa agredida realmente se importariam com o fato de elas estarem usando Prada ou Chanel.
-- E a festa da Holly?
-- Humm. -- Mas Marissa também não tinha pensado sobre isso ainda. Holly iria dar outra festa, dessa vez, depois do desfile. No fundo, Marissa estava cansada de todas essas festas na praia que aconteciam no verão. Eram sempre iguais. Eles ficavam sentados, bebendo e assistindo Luke e sua turma fazendo brincadeiras bestas ou indo surfar à noite. Marissa simplesmente não estava no clima. Às vezes ela tinha vontade de ficar em casa, sem fazer nada, mas tinha muito medo de dizer não para suas amigas. Ela nunca dizia não. Então, agora, estava presa a uma espécie de armadilha -- sempre indo junto com as amigas, mesmo quando não queria.Summer,que estava ficando inquieta, decidiu que o "humm" de Marissa dignificava que precisavam fazer compras.
-- Vamos ao Fashion Island. Até porque eu estou começando a fritar. Além disso, eu preciso tanto de uma blusa nova.Marissa concordou e elas começaram a juntas suas coisas de praia. Luke viu as duas e pegou uma onda que o trouxe para a praia. Seu corpo bronzeado brilhava enquanto caminhava na direção delas.
-- E aí, gata. Viu a última onde que eu peguei? Eu voei.
-- Vi -- Marissa respondeu, seca. Ela não estava realmente prestando atenção. Estava pensando quando -- e se -- as coisas iriam mudar. Quando -- e se -- alguém ou alguma coisa apareceria para virar seu mundo de cabeça para baixo. Mas a visão de Luke em sua bermuda de surfe fez com que ela percebesse que isso não aconteceria tão cedo.
-- Onde vocês vão? Não vão ficar e me ver rasgando as ondas?
-- Vamos fazer compras -- Summer respondeu enquanto tirava o longo cabelo castanho do rosto.


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—Desculpe—disse Marissa.
—Sem problemas—Luke respondeu enquanto se inclinava para dar um beijo rápido em Marissa.
—Te ligo depois.Fashion Island era o lugar perfeito para fazer compras na ensolarada Califórnia. Manobristas, vagas de estacionamentos delimitadas por palmeiras, esculturas, jardins e fontes—tudo ao ar livro. Lojas como Neiman Marcus. Macy’s e Bloomingdale’s ficavam entres as butiques e lojas de estilistas.Elas deixaram o carro com o manobrista e foram direto para Neiman Marcos, a loja favorita de Marissa. A forma como a loja era montada, a qualidade limitada de cada item de estilista faziam com que as coisas parecessem inacessíveis, porém, perfeitas.Enquanto andava pela loja e olhava as vitrines, sentiu como todos seus problemas pudessem ser resolvido com a compra certa. Que o par de sapatos correto poderia alongar suas pernas e o vestido correto poderia deixá-la mais magra. Que a blusa certa poderá fazer com que ela se destacasse. Marissa pensou em todas as coisas e desejou o que poderia comprar para esquecer que as aulas estavam aproximando e que a monotonia iria continuar. Ela queria alguma coisa que a tirasse da rotina que era Newport, mas a verdade e que ela não estava com cabeça para fazer compras. Ontem, dois homens de terno tinham ido até sua casa á procura de seu pai. Quando Marissa lhe contou, ele não deu muita importância, mas ela sabia que havia alguma coisa.Enquanto olhava para os enormes etiquetas de preços, ficou pensando em tipo de problema seu pai estaria metido.
—O meu deus, que vestido lindo!—Summer estava em êxtase olhando a coleção de vestidos de Emilio Pucci. Suas cores brilhantes e estampas em espiral não faziam o estilo de Marissa, mas em Summer ficava ótimos.O sorriso no rosto de Summer fez com que Marissa esquecesse de seu pai por um momento. Ela começou a olhar os vestidos.


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—Lindo—Marissa concordou. De vez em quando, Marisa queria ser tão despreocupada quanto sua amiga. Poder sair com corres vivas e roupas modernas, mas sabia que não ficaria bem nela. Ela era uma garota clássica de bolsas Chanel e Hermes. As pessoas esperavam que ela fosse elegante, sempre com ótima aparência, quase perfeita. Mas, por dentro, Marissa estava gritando para libertar-se. Ela não queria ser perfeita, queria ser ela mesma.
—Este é a sua cara.—Summer estava segurando um vestido preto, básico, de Donna Karan. Marissa sabia que ficaria bem nela, mas estava ficando desanimada. Queria que as pessoas percebessem quem ela era de verdade. Conhecessem seu lado louco e divertido. E não o lado controlado e elegante. Mas isso não aconteceria nunca enquanto mesmo suas melhores amigas não conseguissem imagina-la de outro jeito.Marissa pegou um dos vestidos Pucci mais simples e segurou na frente do corpo:
— O que você acha?
—É lindo, mas...
—Mas o quê?—Marissa soltou. Ela sabia que Summer queria dizer, que o vestido não era bem o seu estilo, mas ela não queria ouvir isso. Queria pegar o vestido e mostrar ao mundo quem ela realmente era. Ela gostava de música punk e queria dançar. Geralmente, uma passada na Neiman a deixaria feliz, mas a compras de hoje estavam se tornando um desastre.
—Nada, esquece. É lindo, você devia compra.
—Summer sabia que alguma coisa estava acontecendo, mas não queria se meter.
—É devia—Marissa ficou feliz por Summer não ter dito nada. Era disso que ela gostava na Summer: ela sempre sabia quando podia ou quando não podia dizer as coisas certas. Por isso eram as melhores amigas. Elas se conheciam muito bem.Marissa levou o vestido para o provador. Ficou perfeito. Ela gostou da forma como o decote mostrava seu colo e adorou o jeito como a estampa disfarçada a pequena barriguinha que ela jurava ter.


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Não que ela fosse uma garota gorda—na verdade ela era bem magra—mas anos de critica de sua mãe meses de biquíni na ensolarada Califórnia tinha deixado mais Marissa insegura a relação a seu corpo. E, embora o vestido não fosse exatamente o seu estilo, hoje, ele era a resposta para todos os seus problemas. A sua fuga.Summer pegou uma minissaia e um top lindo. As garotas estavam prontas para ir embora. Mas quando a vendedora foi passar o cartão de Marissa, o cartão foi recusado. Ela não conseguia entender o porquê. Seu pai era o diretor financeiro e pagava as contas em dia. Então, ela se lembrou dos dois homens de terno e ficou pensando se eles teriam algo a ver com isso. Foi tomada pela frustração e o pânico.
-- Senhorita, isso acontece de vez em quando com os cartões.Deve ser problema com a tarja magnética. Não se preucupe.Você tem outro?Mas Marissa não tinha outro cartão com ela. Só tinha levado um para praia essa amanhã. Os outros estavam com seu pai.
--Não, não tenho.
-- Aqui está—Summer entregou seu cartão á vendedora.
—Não se preocupe, meu pai nem vai perceber.Você pode pedir para seu pai fazer um cheque ou alguma coisa assim.Marissa sentiu-se de desconfortável. Seu instinto lhe dizia para não deixar Summer pagar.
--Não, tudo bem. Eu volto aqui depois. Você pode deixa-lo reservado para min, por favor? A vendedora pegou o vestido e colocou no balcão a traz dela. Marissa afastou-se envergonhada.
--Tem certeza?
—Summer perguntou, enquanto entregava seu American Black para a vendedora. --Sim. Te encontro lá fora—Marissa foi saindo enquanto Summer pagava.Na saída, Marissa passou pela seção de maquiagens. Uma de suas sessões favoritas da loja. Fileiras intermináveis de lindas cores. Pós cheiro de confiança e batons feitos de Luz.


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“O paraíso”, ela pensava. Enquanto passava pelas maquiagens, deu de cara com um esmalte Chanel. Audaz e lindo. Uma centena de opções. Mil formas de escapar. E lá no meio disso tudo estava o vidro de esmalte rosa-escuro gritando seu nome. Liberdade. Quer dizer, até lembrar-se que seu cartão de credito tenha sido recusado e que não ela poderia comprar nada. Mas não conseguia resistir. Pegou o pequeno vidrinho e jogou, discretamente, sua bolsa. Se ela não podia ter o vestido, ao menos o esmalte ela levaria.Em casa, Marissa parou no escritório de seu pai. Bateu na porta e Jimmy acenou que ela entrasse.
--Oi, querida. como estava a praia?
--Boa. Summer e eu fomos fazer compras depois.Marissa esperou o pai perguntar “ e o que você comprou?”, mas ele não perguntou. Esse era um ritual que tenha se estabelecido desde que ela era pequena. Ela fazia as compras e, quando voltava, ele perguntava o que ela tinha comprado e ela experimentava todas as roupas novas. Ele dizia quanto ela estava linda e Marissa desfilava pela casa toda como um princesa em um novo vestido. Ela adorava a atenção que o pai lha dava. Ela era a menininha que o papai adorava. Mas agora, enquanto estava sentada no escritório dele e ele não havia perguntado o que tinha comprado, Marissa começou a questionar se era ainda a menininha do papai. Se a relação deles tinha ficado distante. O que ela tinha feito de errado?-Você não vai me perguntar o que eu comprei?Jimmy foi pego de surpresa. Ele tinha se esquecido do ritual.Desculpe, querida. O que você comprou?Ela queria tanto segurar aquele vestido Pucci, experimenta-lo e desfilar para seu pai. Ele não entenderia seus motivos, seu desejo de ser qualquer pessoa ao menos Marissa que todos esperavam que fosse Mas ela não tinha o vestido-Não comprei nada.


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--Mas você sempre compra alguma coisinha.
-- Quando o cartão de credito funciona—Marissa disse, friamente.
—Eu vi um vestido. Está reservado. Será que você pode meda um dinheiro?—ela estendeu a mão em direção ao pai—ela sabia como isso funcionava, mas Jimmy simplesmente gritou.
-- Não!Eu não sou um caixa-automático, Marissa. Era a primeira vez que ele gritava com Marissa por causa de dinheiro. Ele sempre havia lhe dado tudo o que ela queria.Ela ficou perplexa com o som de vez dele. Agora, sabia que a intimidade e todos os rituais que haviam tido no passado estavam-se deteriorando lentamente. Marissa saio do escritório. Não estava brava, mas triste. Ela sentiu falta do jeito que as coisas costumavam ser entre eles e queria saber se seu pai sentia. Mas o que ela realmente queria saber é por que seu pai não lha dizia o que estava acontecendo. Um telefone tocou em algum lugar da casa e a irmã mais nova de Marissa, Kaitlin, gritou para chamá-la. Marissa foi para sue quarto atender a ligação. Era o Luke, perguntando se ela queria sair a noite. Ela não estava com muita vontade de conversar, então, rapidamente, concordou com os planos dele e desligou a telefone. “Mas uma noite entediante em Newport”, Marissa pensou. “que interessante!” ela se deitou na cama e jogou a sandália colorida no chão. O pensamento sobre o pai não sai da cabeça. Por que ele estaria agindo dessa forma? Eles costumavam converssar sobre tudo e, agora, ela sentia como se ele estivesse escondendo alguma coisa. A conversa de mão-dupla que ele sempre tiveram estava se tornando um conversar de mão única, que não levaria a lugar algum. Seus olhos se encheram de lagrimas, mas ela se controlou quando ouviu sua mãe, julie, subindo as escadas.
--Marissa, querida. Podemos provar os vestidos agora?Marissa suspirou e secou os olhos quando a sua mãe entrou no quarto.


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Julie foi direto para o closet e começou a puxar os vestidos para desfilar de moda. Marissa observava enquanto a mãe segurava o vestido na frente do seu próprio corpo. Julie fazia isso o tempo todo. Quando percebeu esse costume, Marissa não compreendeu, mas, com o tempo, foi percebendo que sua mãe, quando era jovem, não havia tido vestidos como aqueles. De certa forma. Julie estava vivendo a adolescência Que nunca tivera através da sua filhas. Algumas vezes isso incomodava Marissa, mas em outra ocasiões achava carinhoso saber que sua mãe só queria o melhor para ela.-Aqui, experimente esse Donna Karan.Marissa olhou para o vestido. Parecia o de Summer tinha escolhido antes, na Neiman. Quando ela estaria livre para ser quem realmente era? Marissa queria saber. Mas não ia brigar,com sua mãe, então, vestiu o vestido e parou na frente do espelho. O tecido preto cobria com perfeição seu pequeno corpo.
-Oh, Marissa, esse é ótimo. Esconde todos os seus defeitos. Marissa olhou para a sua imagem no espelho e pensou. “Tão comum e perfeita”. Exatamente o que todos esperavam. Ela estava ótima, mas sentia-se e comum. Sentia-se grande e comum. Pensou no vestido que tinha deixado para trás e imaginou se um dia poderia compra-lo. Queria vesti-lo e desfilar para seu pai, senti-se especial.
-O.K. O próximo. Julie segurava outro vestido. Muito clássico, rosa pastel.
-Acho que gosto desse—Marissa disse, segurando a barra do Donna Kara preto.
-Eu sei, mas, você precisa ter opções. Especialmente quando pode pagar. Agora, tire esse e prove esse aqui para min.Relutante, Marissa tirou o vestido e colocou o rosa. Marissa olhou no espelho. Estava bom. Nada de especial.
-Ai não, Veja como seus quadris estão marcam nas laterais. É muito justo. Tire.


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Marissa olhou-se no espelho outra vez, mas não via isso. Que quadris?ficou olhando um pouco mas antes de tirar o vestido. Seus quadris eram tão grande assim? Talvez sua mãe estivesse certa. Talvez ela devesse começar a correr duas vezes pó dia. Mas quadris menores seria a solução?Marissa vestiu outro vestido. Gostou desse, mas Julie criticou de novo. Agora seus seios estavam muito pequeno e o decote das costa, muito baixo. Jimmy bateu na porta.--Marissa, você esta linda.
--Obrigada – ela sorriu sarcasticamente. “Você devia ter vestido o vestido da Neimam.” Ela continuava brava com ele. Julie adiantou-se, cortando Jimmy.
-- Jimmy, ela tem estar perfeita. E esse vestido está. Não a incentivo a parar. Ainda temos dez vestido para prova.Mas Marissa não queria experimenta mais nenhuma vestido. Estava casada de todo esse negocio de desfile de moda e achava que o Donna Karan preto estava ótimo. Julie não queria ouvir, mas Marissa recusou-se a continuar cooperando.Julie saiu do quarto feito um furacão.
—Todo trabalho que tive para lhe dar a vida que nunca tive...—sua voz foi sumindo . Jimmy notou o desconforto de Marissa .—não se preocupou, ela só quer o melhor para você.-Eu sei, mas ás vezes...
—Marissa parou. Sabia se continuasse começaria a chorar e ela não queria que seu pai visse desmoronar. Não quando sabia que ele tinha seus próprios problemas. Mesmo que ele não lhe contasse nada.Aqui. Eu trouxe uma coisinha para você. Desculpe por antes. Você sabe que eu te amo. Eu não queria gritar.Ele lhe estendeu um maço de notas de cem dólares.
—Vá comprar aquele vestidoMarissa abraçou seu pai bem forte. Embora soubesse que ainda havia algo de errado, estava sentindo a menininha do papai de novo.


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- Obrigada, pai. Eu também te amo.Jimmy levantou-se, deixando Marissa sozinha.Ela olhou o relógio. Já eram seis horas. Luke passaria em sua casa dentro de duas horas. Ela não queria ir. Então, ligou para ele e cancelou o programa, coisa que nunca tinha feito antes. Disse que precisava ficar em casa para cuidar de Kaitlin. Era mentira, mas ele acreditou nela. Ele disse que poderia buscá-la mais tarde, mas, por alguma razão, ela recusou. Pela primeira vez em sua vida, Marissa não queria estar aonde estivesse todo o agito. Ela tinha um vestido para comprar e simplesmente não queria ver todos os seus amigos. Não estava com vontade de comer frutos do mar nem de ir, depois, beber na vesta de Holly - ela tinha uma nova válvula de escape. Em vez disso, disse a Luke que ligaria depois, se seus pais voltassem cedo.Tendo se livrado daquela ligação, ela foi correndo para a Neiman, subindo de dois em dois degraus. O maço de notas estava queimando na mão de Marissa - as coisas iam ficar bem. A mesma vendedora que a havia atendido estava lá. Ela reconheceu Marissa e trouxe seu vestido.
-- Tem certeza? Não acha um pouco exagerado pra você?Marissa olhou para o dinheiro. Ela sabia que o vestido não tinha muito a ver com seu estilo e que, provavelmente, nunca fosse usá-lo, mas não se importava. Ela precisava comprá-lo. Era sua passagem para fora de New Port, mesmo que só por uma noite.
-- Não. Está perfeito.Segurou o vestido em seus braços. Sentia-se tão contente. O vestido era dela.Quando voltou para casa, seu pai estava esperando.
- O que você comprou?Marissa estava em êxtase; fazia tempo que não ficava tão feliz. E pela primeira vez em semanas seu pai estava agindo normalmente.


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Jimmy esperou pacientemente enquanto Marissa subiu as escadas para se trocar. Ela mal podia esperar para mostrar o vestido a seu pai. Quando Marissa desceu as escadas, Jimmy ficou parado, observando. Seu queixo chegou a cair um pouco. Ele nunca tinha visto sua filha em um vestido tão audacioso.
-- Marissa, você está linda.E, mesmo sabendo o que seu pais estava pensando "esse vestido não faz o estilo dela", Marissa estava feliz por ter seu ritual de volta.
-- Obrigada. - Marissa desceu os degraus e deu um abraço enorme em seu pai.Sozinha em seu quarto, Marissa pensava no que fazer. Fazia tempo que não ficava sozinha. Geralmetne, estava com Luke, e quando não estava com ele, estava com Summer ou com as meninas ou, quando não estava com ninguém, estava em seu quarto fazendo planos pra mais tarde. Mas, e depois? Pensou em ler um livro, mas percebeu que, em seu quarto, a única coisa que tinha para ler eram algumas revistas que ela já tinha lido várias vezes. Então, lembrou-se do esmalte que tinha jogado na bolsa mais cedo. Começou a pintar as unhas. Aquele rosa forte combinava perfeitamente com seu novo vestido.Ligou o som e aumentou o volume ouvindo The Clash. Sua música favorita começou a tocar e ela começou a dançar pelo quarto cantando a letra. Fazia tempo que não se sentia livre.Enquanto dançava, Marissa viu sua imagem de relance no espelho. Seu vestido era lindo e suas unhas audaciosas. E, mesmo sabendo, lá no fundo, que não conseguiria sair com aquele vestido para ir a lugar nenhum, ela se sentia perfeitamente imperfeita. E viva. E bonita.Ela se sentia a verdadeira Marissa, e por um momento, achou que as coisas podiam mudar. Que a vida em NewPort podeira ser diferente. Que seu destino a espreitava atrás de alguma esquina.


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E quando a música terminou e seus pés pararam de se mover, ela caiu na cama, feliz. Ela queria continuar brilhante, audaciosa e linda. E nunca tirar esse vestido ou limpar o esmalte. Pelo menos uma vez ela se sentia como ela mesmo, e isso era bom.Seu celular tocou. Era Luke, mas ela não atendeu. Não podia. Não esta noite. Esta noite ela estava sozinha. Viva. Desejando algo novo.

sábado, 12 de setembro de 2009

Capítulo 1

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HÁ 50KM das praias do Pacifico o sol Tinha se posto nas ruas escuras e Chino. No coração da cidade, Larch Street era a rua mais sombria de todas. Dos dez postes de iluminação do quarteirão, cinco ficavam acendendo e apagando e três estavam quebrados. Essa parte de chino sempre parte de chino sempre fora meio nebulosa, nunca realmente clara e nem realmente escuro. Nos dias mais ensolarados, as ruas ficavam encobertas de fumaça escapamentos de carros velhos e os grama ficavam cheios de móveis usados. Nem mesmo o sol da Califórnia conseguia fazer a região brilhar.mais também não havia nada que conseguisse deixa-la escura. As noites eram veladas pelos helicópteros da policia sobrevoando a cidade com suas luzes de busca e i gemido das sirenes e dos refletores dos carros de policia, que jogavam muita luz pra dentro das casas empoeiradas. A vida em chino estava muito distante extraordinária. Em um município ensolarado, Chino era Cinza.Ryan Atwood vivera na obscura Larch Street durante a a maior parte da sua vida, em nunca tinha ido muito alem do novo restaurante italiano que haviam construído na cidade vizinhaNão que ele tivesse comido aquela comida requintada , sua família era muito pobre, mas ele tinha encontrado uma loja ali perto onde era possível compra cigarros sem precisar apresentar documentos.


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Ryan tinha somente 16 anos,mas,com sua aparência forte e segura passava por 20.Ele tinha acabado se voltar dessa loja um pacote de cigarros para ele e para Theresa, sua melhor amiga e ex-namorada.
- Você voltou!
Ryan olhou para ela, com aquele olhar que ele não conseguia resistir. Aquele olhar que dizia tudo sem palavras. Deu-lhe um cigarro. Ela acendeu o cigarro dele enquanto tirava o longo cabelo castanho do rosto.Theresa e Ryan se conheciam desde criança, e já faziam parte da rotina deles, pelo menos desde de que ficaram mais velhos, Fumar alguns cigarros na varanda atrás da casa dela enquanto conversavam. Ryan deu uma tragada em seu cigarro. O dia tinha sido difícil. Não que algum dia tivesse sido melhor, mais o dia de hoje tinha sido muito duro para Rayn. Sua vida familiar estava longe de ser perfeita. Ele acordara com seu irmão, trey, caindo de bêbado e A.J., o namorado de sua mãe, dando-lhe uma bofetada para que acordasse. Sua mãe não tinha ido trabalhar novamente e ele precisou liga para dizer que estava doente. Ele começou a contar todos os detalhes para theresa, mas...Ryan podia ouvir a briga duas casas mais abaixo. Theresa sabia que ele ia dizer. Deram um tragada profundo em seu cigarro e soltarão anéis de fumaça um para o outro, e riam quando os anéis se cruzaram, e se desmancharam.A.J. e sua mãe estavam brigando de novo. Eles sempre brigavam quando bebiam. Eram imagens que eles tinham de diversão, e era assim que a relação deles funcionava. Ele bebia em engradado de 12 garrafas de pabst Blue Ribbon* e sua mãe bebia a quantidade de tequila que coubesse no estomago. Então eles gritavam e berravam, basicamente sem nem um motivo, enquanto ficavam em silencio Ryan sabia que tinham feito as pazes e ido para cama.


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Ás vezes, Ryan ficava envergonhado, principalmente quando via o senhor Ramirez com suas duas filhinhas do outro lado da rua tentando protege-las da bagunça que era aquela família.Theresa deitou a cabeça no colo de Ryan em quanto continuava fumando sob a luz cinzenta da lua.Ryan conforta-se com os olhos castanhos e a maciez da pele dela em quanto cariciavam seu rosto. - Desde que seu pai foi para a prisão a mãe de Ryan tinha-se metido com uma serie de namorado abusivos. A.J.era a mais recente,e na opinião de Ryan, e o pior.Ele suportava o alcoolismo dela e ainda ajudava agravar o problema de.A.J.nunca tinha trabalhado e vivia pedindo dinheiro a Dawn .ele era própria contradição : nunca quis que Dawn trabalhasse ,mas esperava que ela pagava todas as contas.Ela a preferia bêbada na cama com ele do que indo trabalhar.Praticamente expulsaram Trey de casa e, agora, Trey a parecia raramente: preferia ficar bebendo a noite toda ou dormir na casa de alguma garota para evitar a desgraçar que era o lar dos Atwood. Ryan desprezava A.J por ter colocado seu irmão para fora de casa. A única pessoa com quem ele poderia compartilhar sua miséria tinha ido embora e para Ryan era tudo culpa de A.J. Ryan e A.J. brigavam constantemente. Ryan ficava pensando se um dia acabaria como seus pais, se teria herdado as mãe algo além dos cabelos loiros e olhos azuis. E esperava escolher o caminho certo para sua vida—aquele que o levaria para bem longe dessa cidade. Mas esse era só o sonho de Ryan. Ele queria uma vida melhor, mas sabia que ficando em chino não conseguiria ir muito longe. Sabia que quanto mais tempo ficasse nessa cidade, mais distante ficaria seus sonhos.
--Esta noite vamos fingir... Thereza começou a falar quando se sentou--...que nada disso, lá fora, tem importância.
Ryan e Theresa não estavam mais namorando, mais ele sabia que seria bem vindo se quisesse dormir na sala da casa dela.


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Ryan sorriu. Theresa o conhecia muito bem e sabia que ele queria dizer que ficaria bem. Essa noite eles iriam fingir. Theresa levantou-se e saio, deixando Ryan sozinho na varanda. Theresa e Ryan eram os melhores amigos um do outro desde crianças. Durante o verão, acostumavam brincar de esconde esconde na vizinhança escura.Ás vezes fingiam que estavam se escondendo da policia, fugindo da lei e que juntos, podiam escapar sem serem pegos. Fingiam que os “pássaros do gueto” como chamavam os helicópteros da policia que varriam a região, estavam atrás deles, e fugiam de um quintal para o outro, pulando as cercas enferrujadas e entrando em baixo de carros abandonados. E se escondiam. E quando a mãe de Ryan começava a gritar para ele entrar, Theresa escondiam em seu quarto ate que os dois dormiam. Ryan adormecia com Theresa em seus braços, ouvindo os gritos que vinham de sua casa. Ele ficava pensando em quando as coisas iriam melhorar, quando poderia ir para casa e se sentir seguro. Os dois fizeram um pacto de ser amigos para sempre. - Abra a porta, sua vagabunda estúpida!—a mãe de Ryan e A.J. continuavam brigando. Pela primeira vezes em sua vida, Ryan desejou que eles ficassem quietos e fossem resolver isso no quarto. Pela primeira vezes esse não era um pensamento repulsivo, mas sim reconfortante. Tudo o que ele queria era sossego.Mas eles não paravam e não existia um minuto de silencio.Ryan encontrou na casa de Theresa.
- Lá vamos nós....—Theresa o encontrou na sala e entregou-lhe uma pilha de cobertores.
-Muito familiar
-O quê?—questionou Theresa-isso—disse Ryan apontando para sua casa com a cabeça.
-Sempre a mesma coisa. Eu costumava dormir no seu quarto.Theresa se lembra, e gostaria que as coisas continuassem como eram. Mas elas não continuavam. Já fazia um tempo que as coisas tinham mudado e eles sabiam disso.


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Quando entraram no colegial, a relação, deles mudou. Deixaram de ser amigos. A esquisitice da puberdade começou e eles perceberam que amizade que tinham havia se tornado muito mais do que só amizade. Ambos sentiam-se atraídos um pelo outro de forma que nunca tinha sentido. Tinha algo de estranho no fato de eles dormirem na mesma cama. Mas não negaram seus sentimentos. Seguiram esses sentimentos. A noite que fizeram amor, ambos pela primeira vezes na vida, seria inesquecível para os dois.Theresa lembrou.
– Será que não podemos esquecer tudo isso ? – Ela disse. Era muito doloroso agora que não estavam mais juntos.Ryan olhou para ela como se tivesse dito que sim, enquanto afastava o cabelo loiro dos olhos e tirava o casaco de couro e o agasalho de capuz.
—Boa noite.Ryan subiu no sofá e entro embaixo dos cobertores, vestindo somente sua regata e seu geans.Theresa foi para seu quarto sozinho, pensando se a relação deles, depois de tantos idas e vindas, teria uma nova “vinda”. Ela olhou para traz e viu os olhos de Ryan se fecharem por hora, e talvez para sempre, não.
-- Ryan,acorda. Ryan se mexeu um pouquinho.
-- Vamos. Ryan acordou esperando encontrar Theresa á seu lado, mais não viu ninguém. Será que estava sonhando?
-- Acorda, seu lixo. Era Trey, seu irmão. Estava do lado de fora da janela que ficava logo acima do sofá. Ele olhou para o relógio. Duas da manhã. Ryan não sabia por que seu irmão seu irmão estava ali.
-- Vem comigo.
-- São duas da manhã. Ir para onde?


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--Não dá pra ir pra casa. Não dá pra ficar aqui. Vamos.Ryan ainda ouviu sua mãe e A.J. Só que agora eles estavam na cama. O barulho, agora, era alto e case repulsivo. Ryan estava enojado. Não conseguiria dormir novamente de forma alguma.
--Está bem. Saio em um minuto. Ryan vestiu-se e dobrou os cobertores. Pensou em deixar um bilhete para Theresa, mas achou que estaria de volta para tomar café da manhã em alguma hora e, então se explicaria. Theresa ai entender.Ryan encontrou Trey do lado de fora da casa.
-- Onde vamos ? –Perguntou Ryan.
--Ei, um irmão mais velho não pode levar o caçula para se divertir sem tantas perguntas... –Ryan olhou para Trey de modo preocupado, como sempre fazia.
--...ou um olhar como esse? Nós vamos a uma festa.Trey foi passando com Ryan por diversos quintais até que chegaram nua casa que Ryan jamais tinha prestado a tenção. Não era costumava a ficar. Ryan sabia disso e estava ressabiado, mas foi atrás dele mesmo assim.
--Atwood, você veio.
–Um cara veio ao encontro de Trey e levou para os fundos da mesma casa. Ryan ficou lá sozinho.Não era a primeira vezes que Trey o abandonava que tinha que se vira. Então, foi até a geladeira e pegou uma cerveja. Quando ia da um gole, um cara grande de cabeça raspada e cheio de tatuagens pegou a cerveja de sua mão.
-- É um dólar. Ninguém bebe de graça, especialmente vem com o Trey Atwood. Ryan não sabia o que o cara queria dizer com isso, mas procurou no seu bolso case vazio, e tirou uma nota de um dólar toda amassada.Pagou e saio de lá mais rápido possível. Deu uma andada pela casa. Não que tivesse muito que andar afinal, as casas em chino não eram grandes. Costumavam ter um quarto de casal, um ou dois quartos para as crianças e um banheiro.


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Ryan estava esperando do lado de fora do banheiro quando ouviu barulho vindo de um dos quartos. Achou ter ouvido um garota gritando socorro. Sua reação imediata foi querer entra lá e salva-lá e castigar o cara. Mas controlou seus impulsos e quando abriu só um pouquinho a porta, silenciosamente, viu que os gritos eram de prazer. A garota o olhou de cima a baixo. “O que é que você está olhando?” Ryan congelou. Não era isso o que ele estava esperando encontrar. Bateram a porta na sua cara. Ele detestava situações constrangedoras.A porta do banheiro abriu e Ryan entrou para ficar sozinho. Sentou-se por um momento e tomou sua cerveja de um dólar*. “A vida é um inferno”, pensou Ryan. Como foi que ele se meteu naquela situação? Durante toda sua vida nada acontecia como ele desejava. Quando criança, costumava sonhar que um dia sairia dali. Viveria na praia, teria uma família e seria feliz. Mas esses sonhos sempre eram afastados de sua mente com tipo de gritaria ou com um tapa na cara.Os pensamentos de Ryan foram interrompidos por gritos vindo do outro quarto.
-Cinco mil. Pela manhã...A casa era velha e de construção muito simples. Ele podia ouvir através das paredes.
-É sério, Atwood. A essa hora, se não tiver o dinheiro, você está morto.Ryan permaneceu em silêncio.
-Você vai ter seu dinheiro—Gritou Trey. Ryan pôde ouvilo chutando alguma coisa batendo a porta.Ryan pensou em ficar escondido no banheiro o resto da noite. Ou em fugir pela amanhã. Mas que tipo de irmão ele seria se fizesse isso? Por mais que odiasse sua família, nunca conseguiria abandonar Trey. Ryan era assim.


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Por trás de sua aparência de durão, ainda se preocupava. E Trey era sua ultima esperança.Seu último vínculo com algum tipo de família de verdade.Alguém bateu na porta.-Vai logo. A gente precisa fazer xixi.Duas meninas estavam batendo na porta. Ryan terminou sua cerveja e saiu. Foi indo para cozinha, já com o dinheiro na mão, e pegou outra cerveja. Trey o encontrou na hora em que ele estava abrindo a latinha.-Vamos embora.Ryan virou a cerveja e jogou a latinha vazia no balcão. Ryan segui Trey enquanto percorriam as ruas de chino, passando por sua casa, pela de Theresa e descendo mais alguns quarteirões até chegarem e um pequeno centro comercial onde Trey gostava de compra cervejas. Havia uma loja de conveniência, uma locadora de filmes e uma loja de câmbio, onde sua mãe costumava pegar alguns adiantamentos por conta de seus pagamentos. Quando estava trabalhando, pelo menos.Trey entrou na loja de conveniência e deixou Ryan no estacionamento. Ryan puxou seu maço inteiro da jaqueta. Quando viu era o “cigarro da sorte” que Theresa tinha virado de cabeça para baixo. O tabaco olhou para ele. Ryan riu sozinho. Ela sempre fazia isso quando ele não estava olhando. Ryan não acreditava em sorte ou superstições, mas Theresa acreditava i insistia. Ela tinha medo do que poderia acontecer se não seguissem as “ regras”. Achava que suas vidas eram cheias de sorte. “Se achamos que nossa vida é ruim agora, imagine como seria se não tivéssemos sorte”. Ryan podia ouvir a frase favorita de Theresa. Ele continuava não acreditando, mas sorriu ao pensar nela. Ryan sentia-se culpado por te saído no meio da noite e prometeu a si mesmo que de manhã levaria para ela seu McMuffin favorito.Trey saiu da loja com duas garrafas de cerveja naquela sacolas de papel marrom. Ryan finalmente pegou outro cigarro e acendeu.


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Trey e Ryan caminharam até o lado mais escuro do edifício, sentaram-se na sarjeta e ficaram bebendo suas cervejas .Ryan ficou pensando com Trey conseguiram cinco mil dólares. Será que aquele cara iria mesmo matá-lo se ele não conseguisse? Trey não tinha emprego fixo e sabia que sua mãe não tinha essa quantia em lugar nenhum. Ryan pensou se deveria arranjar um emprego, lagar a escola e ajudar seu irmão. Mas se deu conta de que Trey não sabia que ele sabia sobre o dinheiro. E ele não tinha certeza de como de como tocar no assunto, ou mesmo se deveria. Existem coisas a respeito das quais irmãos simplesmente não pode conversa. Com esses dois, era assim com quase toda as coisas.Eles não conversavam. Tinham momentos. Momentos em a mãe tinha desmaiado de bêbeda no sofá,ou quando .A.J.gritavam com eles.Momentos em que sabia o que o outro esta pensando e não tinha muito o que dize.Olhavam um para o outro e sabiam que precisavam sair dali.Essa noite era um desses momentos.Ryan olhou para seu irmão—a pressão da situação estava evidente no rosto de Trey. Ele sabia que o cara da festa realmente tinha suas ligações e que, se Trey não pagasse sua divida, estaria morto. Ryan ficou pensando como conseguiria agüentar sem Trey. Já tinham perdido o pai para a prisão—o que era bastante ruim—Mas perder o irmão para a morte? Isso era permanente. Ryan ficaria sozinho para sempre. Esse pensamento doeu. Eles ficaram mexendo na cerveja, tirando o rótulo devagar. Ryan observou que as mãos de sue irmão estavam trêmulas. Ele queria segura-lá para acalma-lo. Trey sempre quis ser o irmão mais velho exemplar, mas continuava pegando os caminhos errados e chegando a destinos piores ainda. Esse era o pior que Trey já tinha enfrentado. O pior -Você sabe lutar?—Trey perguntou -Ah, sim..—Ryan respondeu, confuso.-Oh...Voltaram a mexer na cervejas, mas agora sem os rótulos. Ryan olhou para o seu irmão.


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- E quanto a garotas? Tudo certo. Você sabe como..
-Sim—Ryan respondeu, começando a entender.
-Você usa...Agora Ryan entendia: a última tentativa de Trey de ser um irmão mais velho exemplar. Mas ele não queria que essa fosse sua ultima tentativa. Ele sussurrou “sim”, sem querer perde o irmão.
-Desculpa - Pelo o que?—Ryan perguntou, já sabendo a resposta.
-Você sabe.Por Tudo.
-Sim—Ryan deu um gole em sua cerveja e olhou para a rua, onde viu o senhor Álvares tropeçando de bêbado chegando em casa.
- Você já achou que nós poderíamos sair daqui?
-Pensava. Agora? Não.
-É...sonhos.Os irmãos ficaram em silencio por um momento, pensado.Seria verdade? Estariam presos naquele lugar para sempre? Ambos sabiam que a resposta era sim.-Olha, me escuta. Eu não aprendi muito na minha vida nem lhe disse como viver a sua. Mas tem uma coisa que eu sei: sonhos não viram realidade. Trey deu um tapinha nas costas de Ryan. Um tapinha carinhoso. Um momento de irmão para irmão. As palavras de Trey tocaram Ryan. Pela primeira vez na vida, Trey tinha dito algo que fazia total sentido para ele. Trey estava certo. Ter sonhos nessa cidade não levava a nada a lugar algum.Trey e Ryan terminaram as cervejas e jogaram as garrafas vazias no terreno abandonado atrás do centro comercial. O som do vidro se quebrando ecoou na noite. Ambos riram e, por um momento, esqueceram-se de onde estavam, da vida que tinham, em família. Por um momento, eles eram só dois irmãos. Dois irmãos se divertindo. Mas os sorrisos sumiram.Momentos especiais nunca durava para sempre muito. Especialmente quando se sabia que era preciso voltar para casa.


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Ryan pegou seu maço de cigarros.
-Ainda não vamos para casa—Disse Trey, repentinamente, pegando uma barra de metal de uma pilha de lixo.
-O que vamos fazer?—Ryan perguntou, enquanto Trey sacudia barra de metal em sua mão. Eram quatro horas da amanhã e tudo estava fechado.
-Você já roubou um carro?
-Não
-Então, vamos lá.Trey levou Ryan a rua lateral ao centro comercial, onde tinha visto um carro, aparentemente abandonado.
-Ali.—Trey apontou para o Camaro dourado ligeiramente coberto pela poeira do ar de Chino.
—Esse ai é nosso.Ryan olhou para o carro. Não podia acreditar no que seu irmão estava sugerindo. Nessa rua de merda, onde os prédios eram cobertos de grafites pra servi de prazer e diversão a alguém. Ryan sabia o suficiente sobre carros para saber que alguém tinha colocado muito dinheiro na reforma daquele Camaro. E eles estavam prestes a rouba-lo.Ryan achou que Trey estivesse brincado, mas, então, lembrou-se do dinheiro. E a ameaça e....
--Shh. Vamos embora daqui. Sem olhar para trás. Ryan sentiu a determinação de seu irmão. Trey já tinha chegado no seu limite. Não se importava mais com os caras, o dinheiro ou Chino. Trey estava partindo e levando Ryan com ele.Ryan sabia que iriam fazer isso. Pensou em correr no sentido contrario. Ir para a casa de Theresa, pular na cama e dormir junto dela, quando era criança. Mas Trey o havia alertado, “sem olhar para trás”. Ir embora de Chino de uma vez por todas. Ryan começou a ir para o carro, tremendo.Estava com medo. Ryan tirou o maço da sorte de Theresa. Se existia sorte um momento em que Ryan precisava de sorte era agora.


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Acendeu e deu dois tragos. Soltou um anel de fumaça e jogou o cigarro no chão. Era isso.A luz turva das lâmpadas da rua jogavam um brilho estranho sobre o carro. Ele olhou para seu irmão com o olhar aflito, sugerindo a pergunta "Tem certeza?".
-- Sou seu irmão, se eu não lhe ensinar isso, quem vai?Trey bateu com a barra de metal na janela do lado do motorista. Os estilhaços do vidro se espalharam pelo asfalto sujo e os dois irmãos saltaram para dentro do carro, que começou a descer a rua. Ryan temia que isso não fosse terminar bem. Ele queria sair dessa cidade, mas não em um carro roubado. O rádio estava ligado e a música alta. Sua respiração estava suspensa. Ryan e Trey olharam-se. Trey riu. Ryan gelou. Estavam livres. Ryan sentia-se aflito. Eles tinham feito isso. E, juntos, estavam indo para a estrada, quarteirão abaixo. Para o mundo. Sozinhos. Juntos.As sirenes soaram. As luzes azuis e vermelhas da polícia brilharam na janela de trás. Trey acelerou. Ryan segurou-se na porta.-- Vamos conseguir.Tiraram uma fina em dois caminhões que passaram na frente deles. Outro carro desviou para evitar bater na traseira do carro onde estavam. E muitos outros carros tiveram de brecar de repente. Eles gritaram extasiados, tinham conseguido. Mas não por muito tempo. As luzes os encontraram. Vários carros de polícia tinham entrado em perseguição. Havia um mar de luzes azuis e vermelhas atrás deles. Trey desviou e tentou escapar, mas um dos carros da polícia bateu na lateral do carro. O vidro do Camaro dourado quebrou-se com o impacto.Trey bateu com a cabeça no volante. O sangue escorria. Ryan estava sentado, quieto, pensando se esse era o fim, se a vida como ele conhecia estava acabada. Os policiais saíram do carro e bateram na janela.


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Trey saiu primeiro, com as mãos na cabeça. Já estava acostumado com isso. As mãos de Ryan tremiam. Nunca tinha sido preso antes. Seria levado para a prisão? Para o Serviço de Recuperação de Jovens? Estava assustado. Ryan viu Trey ser algemado e colocado no banco de trás do carro da polícia. Trey resistiu e um policial bateu nele. Ryan ouviu enquanto informavam a Trey sobre seus direitos. As palavras se confundiam. Ryan mal conseguia segurar o impulso de ir ajudar seu irmão. Apareceu outro carro e Ryan foi algemado. O metal gelado ficou justo em seus pulsos. Beliscava e torcia sua pele. A dor se espalhava. O policial o jogou dentro do carro. O cigarro da sorte de Theresa não tinha dado tanta sorte assim. Esse era o fim.O carro da polícia partiu e Ryan viu Trey, de relance. Seus olhares se encontraram e disseram "adeus". Talvez, para sempre. O cinza de Chino ia ficando para trás à medida que o carro se distanciava. Ryan pensou em Theresa, sozinha, acordando e encontrando o sofá vazio. Ele devia ter deixado um bilhete.

POSTAGEM DO LIVRO

Olá, vou postar o livro The O.C - O Forasteiro, a postagem será feita por capítulo, já que não fica em ordem... e o livro começa na página 7.